sábado, 31 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo

Um novo ano se aproxima e um rio de esperança nos inunda. Ainda bem, né? Assim a gente consegue ir em frente. E tem força. E tem fé.

Quando os relógios badalarem meia-noite e lindos fogos coloridos clarearem o céu, espero que um novo tempo comece para todos nós, com contadores zerados, para que possamos deixar para trás tudo o que foi ruim e caminhar em busca de uma nova etapa de muitas alegrias e realizações.

Feliz Ano Novo para quem acredita e faz dias melhores!


Receita de Ano Novo (Carlos Drummond de Andrade)

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
 

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
 

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Canção do Dia de Sempre (Mario Quintana)


Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Pôr-do-sol em Arraial D'Ajuda

sábado, 24 de dezembro de 2011

[The Killers: The Cowboy's Christmas Ball] Feliz Natal!!!


E não é que o single natalino do "The Killers" este ano é uma beleza, digno das luzes de Natal?

"The Cowboy's Christmas Ball" foi lançado no dia 1º de dezembro não por acaso: é o dia mundial de combate à AIDS e o The Killers apóia a causa. O valor revertido com a venda do single será doado para uma fundação da África que pretende erradicar a AIDS. Bela iniciativa, não?

Então, no clima de "Cowboy's Christmas Ball", desejo a vocês um feliz e iluminado Natal!


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vou de ambulância, cê sabe

Era um dia de dezembro com um calor inacreditável. Talvez uns 40 graus à sombra. Minha pressão desceu tanto que eu podia dormir em pé.

Como em qualquer dia normal, acordei e fui trabalhar. À tarde fui a Sananduva fazer duas aulas de direção e uma de inglês. O dia prometia ser longo.

Dirigir sob o sol escaldante foi um martírio. Suei feito uma porca, já que o único ventinho dentro do carro era o que provinha das quatro janelas escancaradas.


Após as aulas de direção e inglês, fui correndo para o ponto, pois faltavam cinco minutos para passar o ônibus das 16h direto ao paraíso que atende pelo nome de "CASA". Não via a hora de chegar e tomar um banho frio bem demorado e fazer um lanche.

Passaram 5, 10, 20 minutos e nada do ônibus. Peguei o celular com a intenção de telefonar para a rodoviária, mas ele estava sem bateria. Parei e respirei. (enquanto isso o sol bronzeava os meus pés...) Resolvi comprar uma água para matar a sede.

Havia um bar pequenino em frente ao ponto do ônibus. Atravessei a rua e adentrei o bar, meio escuro, com um freezer cheio de panelas (?) e pelo menos umas 4 moças atendendo, todas de vestidinhos e shorts muito curtos. Lá dentro estavam dois homens sentados em uma mesa tomando cerveja, os quais imediatamente voltaram os olhares para mim (era a única de calça jeans).

Perguntei a uma das moças:

- Tem água sem gás?

- Não. Só cerveja. Quer uma cerveja?

- Não, obrigada.

Foi então que me ocorreu que não era um bar comum... só cerveja às 16h30? 

Voltei para o ponto, morrendo de sede. Lá pelas 17h nada de ônibus... comecei a me irritar profundamente com o calor, a sede, a fome e o suor... meus pés estavam cada vez mais bronzeados.

Até que uma ambulância parou no ponto de ônibus as pessoas que lá estavam correram para dentro. Como todos, fui até o veículo, que era de uma cidade próxima, e gritei:

- Moço, o senhor me dá uma carona?

Ele respondeu sorrindo:

- Sobe aí, guria!

Eu subi. E lá estava eu e mais um monte de gente na ambulância velha, batendo lata, num calor infernal, mas próxima de casa.

Chegando na tal cidadezinha eu fui em busca de um táxi. Perguntei à única caixa da pequena rodoviária se havia um ponto por perto. Ela disse:

- Só há um táxi aqui na cidade, que fica aqui na frente da rodoviária, mas agora ele não tá.

- A senhora tem o telefone dele.

Muito lentamente, ela dirigiu-se ao outro lado da sala, abriu uma gaveta e me olhou:

- Não vai anotar?

- Eu não tenho caneta nem papel e o meu celular está sem bateria. Será que a senhora pode me emprestar um telefone?

- Como é que tu pretendes fazer?

- Vou tentar ligar a cobrar para ele para nos acertarmos depois.

- Tem um orelhão, liga dali.

Não acreditei. Solidariedade é artigo raro hoje em dia. Muito triste.

Quem disse que eu conseguia telefonar? Os malditos botões simplesmente não funcionavam! Depois de uma meia hora tentando, consegui a ligação, mas não é que o taxista, ao escutar a musiquinha da ligação a cobrar, a recusou? E agora!? Estou presa em uma cidade desconhecida que só tem um táxi? Como vou sair daqui?

Fui em uma loja de móveis do outro lado da rua e perguntei à moça sobre o taxista e ela apontou para o meio da rua, mostrando o táxi.


O dia que eu fiquei mais feliz ao ver um carro foi o dia que fui à concessionária ver o meu 
Sandero.

Cheguei, sã e salva na minha casa. Gastei R$50,00 a mais nessa aventura e aprendi algo muito valioso: nunca vire as costas para alguém que precisa de ajuda. Um dia você pode precisar e talvez não haja pessoas legais para te ajudar.   

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"O bom do amor é ter que lutar por ele sempre" né...? A gente sabe quando não é, porque não dá mínima vontade de lutar, de fazer esforço algum. E por sorte, quando não é, o que faz mal sempre sai da nossa vida.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Planejando uma Aventura

Uma das coisas que mais gosto de fazer é viajar. Não importa o lugar, nem a situação. Quem me conhece sabe que sou companheira para uma baita viagem ou simplesmente um "indiada" na beira do rio em um dia de calor.

Desde pequena fui acostumada a ir e vir. Meus parentes sempre moraram em cidades diferentes e eu tinha o hábito visitá-los com meus pais. De ônibus ou de carro. Mas eu gostava mesmo era de andar de ônibus. Até hoje não sei bem a razão.

É uma inquietação louca. Me encanta viajar os 60 quilômetros duas vezes por semana para treinar inglês e francês ou planejar uma viagem até a Europa.

Ah! que vontade de alçar voos maiores, de dar a volta ao mundo...

Certo dia, falei para a Neiva, minha amiga que agora mora em Rondônia:

- Vamos viajar?

Ela, sem pestanejar:

- Vamos!

E não é que no dia seguinte a Neiva me apareceu com um roteiro sensacional? Espírito Santo e Minas Gerais. Ótimo! Sempre quis conhecer as praias do Espírito Santo e as cidades históricas de Minas Gerais.

Porém, o plano era de começarmos o passeio de 15 dias ainda em dezembro, antes do reveillon, uma época que eu não poderia me distanciar da querência... também não queria deixar de conhecer essa parte do Brasil... como resolver?

Mandei um SMS para a minha companheira de viagem:

- Amiga, tu vais ficar chateada se eu te encontrar em Minas Gerais?

E a Neiva, mais que depressa:

- Claro que não!

Feito! Não vou ir ao Espírito Santo, não dessa vez, mas vou a Minas, como sempre quis.

Tá, mas só Minas Gerais...? 

Não diminuindo este estado encantador, longe de mim, só pensei que poderia estender a viagem por mais alguns dias, quem sabe ir ao... Rio de Janeiro!!!

Oba! Meu sonho de consumo é a cidade maravilhosa!

Comprei as passagens e Rio de Janeiro em janeiro, lá vou eu!

Planejamos tudo muito depressa, quase de um dia para o outro e está funcionando. Normalmente é assim: tudo que planejado de última hora é mais gostoso, né?

A Neiva Cristina é demais! Montou um roteiro digno de uma viagem inesquecível para Minas Gerais: Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, São João Del Rey e Tiradentes. Pode ser melhor que isso?

Já temos até mapa e GPS, patrocinados pelo Dr. Jorge Branco, meu querido pai, e uma playlist que fiz com muito carinho. 

Para o Rio, os pontos turísticos tradicionais, além do Jardim Botânico e do Parque Laje, dicas preciosas do Vítor. Ah! e a cama cheirosa e quentinha no Rio foi dica do queridíssimo Samir.

Aguardem o diário de viagem: "Aventuras no Sudeste do Brasil". Com certeza teremos boas histórias.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Dê um view de Natal

Olha que ideia mais fofa da Unimed Porto Alegre: um Cartão de Natal idealizado para melhorar o Natal de crianças atendidas por instituições da Capital dos Gaúchos.
Cada view corresponde a R$0,10 em doações. Acessa o vídeo e curte a canção linda que as crianças interpretam. Eu asseguro que tu não vais conseguir olhar uma só vez...


"Quando estou com frio
Seu abraço me deixa quentinho
Quando lembro de você
Sei que não estou sozinho
Um sorriso seu
E o meu dia fica mais lindo
Um beijinho seu enche meu coração de carinho
E quando a saudade bate
Quero estar com você
É melhor do que chocolate
Você é o meu raio de sol

Com você eu não me sinto só"




sexta-feira, 9 de dezembro de 2011


Aline é o anagrama de Neila
Fora de qualquer brincadeira
será sempre
Você queira ou não queira

[João Luis Calliari]

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Trenzinho da (des)ilusão


Piuí!
Anunciava o trenzinho lá na estação.
A menina de casaco vermelho e botas compridas só esperava que aquele que lhe alcançava a mão lhe desse atenção.
Só.
Sabia que não era pedir demais, pois ele já anunciara que estava disposto a dar-lhe o céu...

Piuí!
Quanto mais o trenzinho se aproximava, mais a menina se deixava dominar pela alegria.
Esperança.
E mais uma dúzia de sentimentos que inevitavelmente se transformariam em amor.

Ah! o amor! Descobriu a menina que era uma ilusão quando embarcou só naquele trenzinho.
Era fumaça em meio ao nevoeiro ficando para trás.
Anunciavam que os sonhos e esperanças

Eram demais para aquele vagão...




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Excelente Proposta!

Agora em novembro o pessoal do "The Kills" convocou os fãs, via Facebook, a comparecer em um show deles em Paris e filmar a apresentação com suas câmeras e celulares. O resultado tá aí e vai virar DVD!



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

8 Desilusões


Foto: italorios/Flickr
Não dá pra saber o tamanho da dor até sentir, né?

Pois é, a gente sempre se achando forte demais, dona de si demais, inatingível demais e, quando menos espera, vem uma bomba, daquelas infinitamente potentes, e destrói todos, mas todos os castelos de areia. Só sobram os farelinhos.

O tamanho do tombo demonstra a dimensão do sentimento. Dá para descobrir também pela quantia de machucados, roxos, arranhões e tal.

É quando a gente para e pensa: de novo!?

Outro dia vi uma guria num filme dizendo que teve 8 desilusões amorosas. Eu parei para pensar em quantas eu tive. E qual foi a minha surpresa quando contei e me deparei com 8, tal qual a moça do filme. Pensei: ainda bem que não foram 7, porque 7 até hoje eu considerei meu número da sorte. Agora 8? Ah! 8 não é nada!

Não, 8 é muito! Ter 8 dodóis de amor é chato. E ruim de carregar, sim, porque é um fardo que a gente carrega, como no conto das pedrinhas na saca. Eu carrego 8 pedras.

Queria poder dizer que essas 8 desilusões não foram nada, pessoas irrelevantes e sem significado algum. Mas seria mentira. Cada um teve o seu tempo e sua história. Ninguém passa pela vida da gente por acaso. Quem passou pela minha vida e me machucou, fez uma casca ao redor de mim crescer. Hoje essa casca tem 8 camadas. E me mantém, creio eu, mais forte.

Tenho uma amiga que diz: “ah, mas a gente cai, se machuca, levanta e começa tudo de novo, assim é a vida!” Que belíssima frase! Essa pessoa realmente está evoluída (sozinha ainda, mas evoluída). Ainda não cheguei nesse nível. E olha, para dizer bem a verdade, ando totalmente descrente.

As pessoas dizem: “a tua hora vai chegar, tu merece algo melhor, bem melhor do que os te apareceram até agora”. Na hora acalma, mas quando eu levo uma bordoada penso: eu não sou tão boa assim, não é possível. Ou esse cara não existe. Ou está vindo a cavalo, de tanto que eu desejei um príncipe encantado dos contos de fada da Disney.

O fato é que estou aprendendo, há anos e a duras penas. Ainda não encontrei o ser que goste de música, literatura, cinema e café; que saiba tocar violão; que me entenda e me respeite (porque se não agüentar meus defeitos, como pode ter as minhas qualidades? Foi a Marylin que falou isso, né?); que seja leal e não conte mentiras (por favor!); que seja espiritualizado; que brinque comigo de descobrir desenho em nuvens; que possa passar uma tarde inteira deitado na grama ao meu lado contando histórias de fazer rir. Será que não quero demais? Acho que Santo Antonio já desistiu de fazer essa pessoa chegar até mim (se é que ela existe...).

Novamente eu fiz a tal promessa: não vou mais me apaixonar e não vou mais permitir que ninguém me machuque. 8 é demais, né?


Mas... e se o 9º chegar...?




sábado, 26 de novembro de 2011

Dia de Ação de Graças


Eu adoro sábado. É o dia em que coloco minhas leituras, filmes e seriados em dia, além de aproveitar para dedicar mais tempo à Malu, em que pese eu tenha aula aos finais de semana até março.

Mas esse sábado é especial, sabe? Cá estou eu com um chimarrão recém cevado, a Malu ao meu lado encantada com o seu novo livro “Alice no País das Maravilhas”, recheado de pop ups divertidas, além de ser sonoro (queria um desses para mim, hehehe), e contente, muito contente.

Foram duas semanas complicadas no trabalho, esperando decisões que mudariam a vida de pessoas próximas. A tensão era absurda, parecia que o tempo não passava e ao mesmo tempo as coisas aconteciam tão rapidamente... morei em Porto Alegre durante esses dias (agradecimentos especiais às queridas Joice e Lucia, que me acolheram no seu alegre lar), tentando resolver tudo da melhor maneira possível.

Passei por extremos esses dias. Cada dia era uma nova ideia, uma nova petição, uma nova audiência, incontáveis idas e voltas ao Tribunal de Justiça e Foro Central... noites e noites sem dormir, incansáveis leituras de doutrina e jurisprudência...  fiz tudo, absolutamente tudo o que estava ao meu alcance.

Em alguns momentos questionei os desígnios de Deus e me perguntei se era mesmo necessário passar por toda aquela provação. Algumas vezes quase perdi a fé, mas isso é muito maluco porque, embora parecesse que minha crença estava por um fio, nunca pensei em desistir, tampouco me conformei quando o desembargador, no alto de sua cadeira que quase alcança o céu, tamanha a prepotência, tentou tirar todas as minhas esperanças, insinuando que eu me conformasse, que isso era assim mesmo e não havia o que fazer. Saí daquela sala engolindo toda a minha revolta com parte dos membros do Poder Judiciário, que são pagos por nós para fazerem justiça, mas passam as tardes gargalhando pelos gabinetes e tomando cafezinho.

Certa manhã, num dia de correria, acordei em Lajeado e fui à igreja. Era dia de Ação de Graças. A igreja estava cheia de crianças vestidas como anjos, que saltitavam em um ensaio para uma apresentação à noite. Quando acabei as orações fiquei lá sentada, admirando aquelas crianças encantadoras. O Padre veio ao meu encontro, cumprimentou-me e com a mão no meu ombro, perguntou:

- E essa menina?

Respondi, quase sem voz:

- Preciso de orações para renovar minha fé, Padre...

Ele disse:

- Hoje é dia de Ação de Graças, dia de pedir ao Senhor o que desejamos, e ele nos atenderá.

Depois me abraçou e continuou:

- Eu vou orar contigo hoje, menina. Tudo vai dar certo. Fique tranqüila. Deus te abençoe.

Saí da igreja já conseguindo falar e respirar.

À tarde, quando voltava para casa, resolvi conferir os processos que andavam me tirando o sono, mas não estava esperando nada de extraordinário, já que conheço a justiça e sei que, embora a gente tenha o direito, algumas questões são morosas, e qual foi a minha surpresa quando vi a concessão do pedido que eu havia feito em letras garrafais na tela do computador. Eu não sabia se chorava ou se ria. Imediatamente tratei de avisar a quem interessava. Não tem preço ouvir agradecimentos emocionados e saber que o teu trabalho duro efetivamente dá bons frutos.

Eu ajudei duas famílias, mas, se não fosse uma juíza séria e competente, que tem coragem e enfrenta órgãos superiores para fazer a justiça prevalecer, eu não teria conseguido nada, não nesse momento.

Tenho certeza também que não teria conseguido se não tivesse renovado minha fé no dia de Ação de Graças. Obrigada ao Padre da Igreja Matriz de Lajeado, que me encorajou e ensinou a nunca duvidar dos desígnios de Deus.

Foto de Francis Engers

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Porto Alegre é Demais

Certa vez vi em um filme, se não me engano em "O Diabo Veste Prada": "Existe a Cidade onde você nasceu e a Cidade Natal. Cidade Natal é a que você adota". É uma grande verdade.

Passar alguns dias em Porto Alegre é simplesmente mágico. Sério. Há poucas cidades tão acolhedoras, encantadoras e tem um toque de nostalgia impressionante.

Vivi um ano na Capital dos Gaúchos e nunca mais esqueci das delícias que lá experimentei. Morar na Cidade Baixa é "cool", como me disse uma vizinha certa vez. Caminhar pela Lima e Silva observando as cores, cheiros e sabores é inesquecível.

Porto Alegre é a cidade onde tu podes ser quem tu és, onde tu podes ser quem tu quiseres. Ninguém se importa se tu estás de pijama ou de chapéu mexicano; de pés descalços ou com o mais belo sapato de uma loja sensacional do Barra Shopping; se tu tomas café ou um chopp bem gelado no meio da tarde...

Lembro que eu fui morar em Porto Alegre depois de me formar, para fazer uma especialização. E, de fato, eu só tinha vontade de estudar. É uma cidade que respira conhecimento e cultura, onde ambos são irresistíveis. Andava de livraria em livraria, de biblioteca em biblioteca, sempre maravilhada com tudo e buscando mais.

Adorava ir às aulas a pé, porque eu atravessava a Borges até chegar na Rua da Praia. Ah! a Rua da Praia, de um charme encantador, onde tu podes encontrar tudo o que imaginar. E, lá adiante, sempre dava uma chegada na Casa de Cultura Mário Quintana para passar as tardes lendo ou estudando, ou simplesmente para tomar um bom café.

Foi no Parque da Redenção que comecei a correr e nunca mais parei. Lá também aprendi a sentar na grama para contemplar a natureza, caminhar descalça e aproveitar um chimarrão recém cevado olhando as nuvens lá no céu...

Fiz muitos amigos leais em Porto Alegre, presentes na minha vida sempre. É inexplicável a sensação de encontrar um por um cada vez que posso dar uma fugidinha até lá. E, sim, sempre que dou uma fugidinha, é para Porto Alegre que vou.

Porto Alegre é a minha Cidade Natal.




sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Veredas Novas (Léo Rosa)


Havia um jagunço – conheci de leitura. Gostava de filosofar. Estava seguro de que pensava com os pensamentos que floresciam da própria cachola. E se gabava: “Eu sou é eu mesmo, não pertenço a razão nenhuma, não guardo fé nem faço parte.” Existia outro sujeito – esse eu conheci de vista própria – que avaliava suas ideias como boas e acabadas. Não queria misturar ideia nova, ou teria que pensar sobre coisa já pensada.
Se alcancei a um e a outro, ambos compreendem que viver é perigoso. Mas se vê que guardam diferença entre si no modo de estar nesse perigo que é a vida. O sujeito que conheci fechou-se na sua concepção de mundo, e não quer solavancar a existência. O jagunço lido sabe que “viver é um descuido prosseguido”, “viver é etcétera”.
Nisso assuntava Villa, amigo meu, quando surgiu Sthefane, amiga dele. Ela logo declara limites: “Está tudo mais delicado, estabeleci um relacionamento.” Villa, espantado, ponderou: “A mulher moderna não se inflige restrição, e certos costumes são uma armadilha.” Sthefane aquiesce, mas diz dever respeito, que alguém tem que ceder. Desfia, enfim, esses pretextos que algumas mulheres usam para justificar submissão. Villa concorda com haver respeito, mas replica: “Ninguém tem que ceder, só cabe combinar; e há um mínimo só meu que quer ser respeitado.”
Sthefane se agarrava no contrário, ainda que Villa falasse: “Se você age conforme certos costumes, você será os certos costumes; a vida tem outras coisas a se viver, nem que se as invente.” Nada. Ela queria estar nas regras mais costumeiras dos costumes do seu lugar. E buscou um argumento antigo, desses de desesperançar: o que ouvia era ideal, bonito, mas na prática não iria funcionar.
Villa se indignou: “nada de idealismo, me arredo do medíocre, busco o sensível, tento me fazer vontade de mim, não me deixo levar.” E meio vencido, completou: “Sthefane, você parece pronta entre certezas, definições.” Sthefane, por igual, deu-se por injuriada: “Não acredito que sejam costumes. São minhas convicções, princípios em que acredito.” – Mas de onde vêm essas convicções? – Não sei, mas é o que constitui a minha personalidade, o que adoto como “caminho.”
– Adota? Talvez, mas… olhe, as circunstâncias, elas nos instilam as coisas. Não é simples lidar com isso. Quero dizer: nós pensamos com o que está em nossa cabeça… o que está na nossa cabeça veio do mundo; o pensamento seguinte, é como se fosse o desdobramento do anterior… não é fácil sair do círculo vicioso. – Acha que não sei pensar? – Todos sabemos. Não se trata de não saber, mas de se estar avisado. É difícil a crítica de si próprio. – Em algum momento temos que formar nossas opiniões, fixá-las, ter algo em que acreditar. – Olha, opiniões, crenças… há que tê-las, mas há que saber que são provisórias.
Ambos seguramente entenderam: acabara a conversa. Um certo silêncio, Sthefane pensou alto: “Tudo isso é muito subjetivo.” Villa obrigou-se a responder: “Exatamente, mas a nossa subjetividade é constituída pelas circunstâncias em que vivemos; se não nos cuidamos, reproduzimos essas circunstâncias, acabamos cativos delas.”
Então, já depois do fim, Sthefane ainda falou: “Olha, não quero mudar nada, só quero ser feliz do jeito que sou, e eu decido se quero mudança.” Villa, distraído, rematou: “Eu minto que tenho um primo, o Guimarães. Ele conta que um cara disse que pra ter coragem de buscar veredas novas só temos que temer o próprio medo, e que o medo agarra a gente é pelo enraizado. Bem, você decide se quer mudar.”

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vai Pedir Pra Sair?


Tudo começou com uma denúncia pela revista Veja. Pagamento de propina por parte das ONGs, desvio de dinheiro público... já ouvimos isso em algum momento, não?

Já. E tem sido habitual nesse primeiro ano de governo Dilma. Até agora já caíram 5 ministros. É um número preocupante, pois a média é de 1 a cada 2 meses. Em setembro, Lula falou que os ministros só caem porque não têm “casco duro”.


Pois bem, agora está na corda bamba o Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. A acusação: os trabalhistas do ministério andaram cobrando propina das ONGs. É, o período é negro.


Na primeira entrevista coletiva, o Senhor Ministro declarou que só sairia do ministério “abatido à bala”. Realmente, se só sai “abatido à bala”, tem que ter o casco duro, como falou o Lula.


Pois é, só que a declaração de Lupi não agradou a presidente, razão pela qual hoje ele se desculpou pelas palavras mal proferidas (lembremos que Nelson Jobim foi demitido por razões semelhantes: declarações que não agradaram ao governo), afirmando: “Eu te amo, Dilma”. Esta, por sua vez, diz que aquela afirmação ficou no passado.


A corrupção no governo federal se tornou uma constante. É impressionante que, com uma freqüência assustadora, novos casos de dinheiro público embolsado e propinas venham a tona e o pior: pouco ou nada de punição.


Nenhum dos ministros foi “convidado a se retirar” pela presidente nos casos de corrupção. Em todos os casos criou-se uma situação insuportável que os próprios pediram para sair. E sabe quem é o responsável pela saída dos corruptos do poder? Nós, enquanto opinião pública e detentores do poder de voto, porque o governo não demite ninguém, a menos que não tenham votado nele.


E mais: os ministérios são nossos, do povo, e não do PMDB, PC do B, PDT ou demais partidos políticos. Portanto, devem ser pensados para nós, e não para os partidos que, muitas vezes, utilizam o poder que foi dado pelo povo para interesses próprios.


Sabe o que mais indigna? O fato de que o Palácio do Planalto já havia advertido o Ministério do Trabalho e Emprego acerca do número exagerado de convênios. Nada mudou. E lá está Carlos Lupi, lépido e fagueiro, dando desculpas esfarrapadas e ajoelhando-se aos pés de Dilma. O PDT ameaça “mudar de lado” se o seu ministro cair.

E quanto a nós? Pagamos a conta. 
E aí, Lupi, vai pedir pra sair?

O Segredo de Brokeback Iceberg

Eu já havia ouvido falar sobre o fato de que pinguins do mesmo sexo podem ter um relacionamento estável, mas nunca tinha visto nada concreto até os pinguins africanos de Toronto, chamados Pedro e Buddy.

Os dois ficam juntinhos o tempo todo e, com o intuito de reprodução, o zoológico resolveu separá-los. Aí surgiu a polêmica entre os canadenses, que ganhou repercussão internacional, e o caso foi apelidado de "O Segredo de Brokeback Iceberg", em referência ao filme "O Segredo de Brokeback Mountain", que aborda um relacionamento gay, lembram?


Pena que Pedro e Buddy vão ser separados para a procriação. É uma história de amor não vai ter final feliz.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Gênio Insano

Vi um vídeo espetacular e não poderia deixar de compartilhar com vocês:  “The Works”, de John Walden, que compilou 7 filmes de Quentin Tarantino em  2 minutos e meio. Dá vontade de ver tudo de novo. 

Tarantino é demais. É inacreditável que “Bastardos Inglórios”inteligente, embora simples – não tenha ganho o Oscar, pois era infinitamente mais merecedor que “Guerra ao Terror”


Até Bastardos, eu tinha uma séria restrição a Brad Pitt. Depois, minha opinião mudou totalmente. Tarantino teve o poder de transformar um rostinho bonito e medíocre em um estereótipo americano sensacional na 2ª Guerra Mundial. Todavia, quem rouba a cena nesse filme é Christoph Waltz, simplesmente FANTÁSTICO. 


Agora, se tu já viste “Kill Bill”, com certeza isso te fez acreditar na genialidade de Tarantino. Desde que vi “Kill Bill – volume 1”, tornei-me uma seguidora de fé de sua obra. 


Eu amo a “violência tarantinesca”, mas há quem a odeie, porque ele provoca extremos. Podem acusar Tarantino de ser um eterno nerd adolescente. Eu só tenho a agradecer.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amizade e respeito

Hoje parei para pensar: qual o limite das palavras em um relacionamento? Até que ponto filtrar o que é dito é compatível com a sinceridade?

Vou falar especificamente da amizade, porque se eu for me estender a outros tipos de relacionamento, esse post vai ficar enorme e entediante.


A amizade, para mim, é extremamente importante. Sendo bem clichê: amigos são a família que a gente escolhe. 


É, gente, tenho para dizer que construir e cultivar uma amizade não é fácil. Deve haver respeito, solidariedade, lealdade, sinceridade, cumplicidade e mais uma infinidade de coisas que fazem uma amizade se tornar sólida, duradoura, real. Sim, real, porque em tempos de Facebook e Twitter, há muitas amizades virtuais, no sentido literal do termo.


Pergunto: quando o respeito em uma amizade deixou de ser importante? É permitido a um amigo ultrapassar os limites da sinceridade fazendo-a se transformar em desrespeito? Eu digo a vocês: nunca. Nunca o respeito deixou de ser importante e essencial entre amigos. Trata-se de uma qualidade importante em qualquer relacionamento e é uma das bases para a boa convivência em sociedade. Não dá para sair dizendo o que pensa e o que tem vontade, ofendendo e magoando as pessoas. Ninguém é uma ilha, tampouco consegue viver sozinho. Pensem se todo mundo resolve ser estúpido a ponto de desperdiçar a convivência com pessoas que o amam porque não foi o esperto o bastante na hora de falar e tem o cérebro muito perto da boca? Pronto! Estaremos condenados à solidão eterna dentro do nosso mar de egoísmo e suposta "felicidade".


Sou meio radical nos meus relacionamentos: 8 ou 80. Ou eu gosto muito de ti ou eu não gosto. Comigo não tem essa de gostar um pouquinho, gostar mais ou menos. Porém, se tu fores 8 ou 80, vou te respeitar da mesma maneira. E mais: tu vais saber se eu não gostar de ti, mas jamais vou te desrespeitar.


Esse é o ponto: tu tens que respeitar as pessoas, especialmente se forem tuas amigas! É possível ser sincero sem magoar ou ofender. Não dá para sair falando o que tem vontade, sem respaldo (ou com respaldo, mas pelo menos que isso fique claro), e depois fingir que está tudo bem. Não, não está tudo bem. Eu quero e exijo respeito dos meus amigos. Acho que é o mínimo que posso desejar em um relacionamento que demanda tantos predicados como a amizade, né? Se tem dúvida, esclarece; se está chateado, seja sincero; se tem um conselho, não deixe de compartilhar; mas jamais, jamais desrespeite um amigo, principalmente sem explicação alguma, e deixe de pedir desculpas se essa pessoa for importante para ti. Se não for, paciência. Esquece tudo e segue em frente, mas fique sabendo que talvez tu tenhas perdido uma pessoa muito bacana nessa longa estrada da vida.

Ótima lição da Britta para o se amigo Abed em Community (S01E21):
- Abed, sabe o que eu costumo fazer? Antes de falar eu me pergunto: "O que estou prestes a dizer e como isso afetará quem está ouvindo?"



domingo, 6 de novembro de 2011

Sobre a natureza...


O Mundo (Eduardo Galeano)

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.

Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.


— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.


Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Quem gosta de ler não padece de tédio


Kansas City Public Library
A leitura traz conhecimento, nos faz viajar, ensina, emociona e mais uma infinidade de coisas bacanas que só quem lê sabe bem. E a mais pura verdade dentre tantos benefícios: quem gosta de ler não fica entediado.

Hoje, após o término antes do horário previsto de mais uma aula interessantíssima sobre Direito Notarial (sim, eu ando fazendo atualizações aos finais de semana), me peguei pensando:


- O que vou fazer?


Claro que esse pensamento só durou uns 10 segundos, já que, como a própria versão da ansiedade que sou, descobriria na hora:


- Vou àquela livraria que tem uma cafeteria maravilhosa!


Não poderia ter sido escolha melhor: cheiro de livro e café! Quer melhor que isso para um final de tarde de sábado solitário em uma selva de pedra?


Bom, o plano era comprar um livro para a minha pequena Maria Luiza, de 5 anos, que adora piratas e está aprendendo a ler. Que dificuldade! Fiquei perdida em meio a tantas opções coloridas e divertidas. Confesso que até a seção infantil me seduz. E muito!


Certo. Missão cumprida. Lá estava eu com um livro de piratas que ensina a contar e um livro de princesas que ensina a ler. Porém, antes de chagar ao caixa para pagar logo e desfrutar de um delicioso café cheiroso e quentinho, pensei:


- E para mim... nada???


O sentimento foi de uma criança desapontada a espera de um presente que não chegou.


- Ah! mas um livro só não vai doer!


Então fui correndo à prateleira e agarrei com as duas mãos a leitura por mim mais desejada no momento: “Guia Politicamante Incorreto da América Latina”, de Leandro Narloch e Duda Teixeira (prometo informá-los por aqui sobre o teor deste livro, mas somente depois que ler “Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, para que eu possa ter uma visão ampla). E lá veio a vendedora sorridente me abordar:


- Só isso?


- Só... deixa eu dar uma olhadinha nas novidades...


Imaginem se não! E ela, ainda sorrindo, questionou:


- Tu gostas de romance? Romance com suspense?


Quase que eu disse:


- Olha, se tu me trouxeres aqui uma bula de remédio, eu leio!


Mas me contive da brincadeirinha fora de hora e respondi:


- Claro! O que tu tens nesse sentido?


E não é que a guria puxa da prateleira um livro lindo, com um laço azul, mais ou menos como um diário de adolescente, sabe? (eu tive!) Um charme!



O tal livro bonito é “A Vidente”, de Hanna Howell. Parece que encontrei um remédio poderoso para evitar o tédio nesse final de semana solitário. Depois que acabar mais essa aventura literária, passarei minhas impressões a vocês. Já desfiz o laço...