quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

[Aventuras Pelo sudeste do Brasil] Mineiradas


Continuo minha incursão por Minas Gerais. Fui parar em São João Del Rei. O plano era fazer Ouro Preto e Mariana primeiramente, mas, devido às enchentes e deslizamentos, essas cidades ficaram para a próxima viagem. Alugamos um carro para fazer com calma e tranquilidade todo o roteiro planejado. Estávamos ansiosas pelas cidades históricas.
Em São João Del Rei, a primeira coisa que fizemos foi acompanhar uma festa popular, a Folia de Reis. Começamos a seguir o povo na praça central, onde conversamos com os participantes do grupo e obtivemos diversas informações sobre pontos turísticos em SJDR e Tiradentes. O papo foi muito produtivo com o Sr. Bastião, que participa a vida toda do grupo e honra com fé o compromisso de louvar aos Três Reis Magos, todo ano.
Presépio da Muxinga (Divulgação)
Presépio da Muxinga (Divulgação)
São João Del Rei é uma cidade bonita e alegre. Lá, caminhamos a pé pelas ruas e já nos sentíamos nativas, tamanha a facilidade de encontrar os pontos turísticos e interagir com a população. A chuva torrencial, que acontece em todo o estado de Minas Gerais, não nos impediu de visitar o Memorial Tancredo Neves e oPresépio da Muxinga, criado com perfeição pelos irmãos Teixeira D’Assunção em 1929. Há também muitos bares badalados e movimentados na cidade, mas o atendimento é excepcional no Armazém. No almoço nos esbaldamos com a comida mineira bem feita lá do Villeiros. Não dá para deixar de provar a feijoada e o escondidinho de carne seca.
Igreja de Santo Antônio (Divulgação)
Igreja de Santo Antonio (Divulgação)
Reservamos um dia todo para Tiradentes, que é próxima de SJDR. As construções históricas da cidade são encantadoras. Lá está a segunda igreja mais rica do Brasil, a Igreja de Santo Antônio, cujo altar é coberto de ouro (482 kg). A construção é de 1710.
É complicado movimentar-se de carro na cidade, já que as ruas são cobertas por pedras (as mesmas desde o século 18). Por esta razão, alugamos uma charrete, que nos levou para os principais pontos turísticos da cidade. É uma experiência muito divertida – ah, as feiras de artesanato local em Tiradentes são um atrativo a mais. Há várias lojas distribuídas ao redor do Largo das Forras.
Restaurante Pau de Angu (Divulgação)
Restaurante Pau de Angu (Divulgação)
O almoço foi no delicioso e estrelado Pau de Angu, na estrada para Bichinho. O caminho é íngreme, mas o Mineirinho servido lá compensa o tempo que demora a chegar. O ambiente é uma gostosura, com ares de interior.
Na volta para Belo Horizonte, demos uma passada em Congonhas. Chovia absurdamente, mas isso não nos impediu de realizar a visita à Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, construída no período Barroco, em estilo Rococó. Lá há uma grande quantidade de obras de Aleijadinho. Impressionante, saliento, pois elas foram feitas quando o escultor já estava acometido da doença que prejudicou suas mãos e dificultava o trabalho. Fomos informados pelos habitantes locais que Aleijadinho viveu próximo de onde é a igreja. A população de Congonhas enaltece a genialidade do escultor.
Inhotim (Divulgação)
Inhotim (Divulgação)
Para finalizar os maravilhosos sete dias em Minas Gerais fomos até Inhotim, o centro de arte contemporânea localizado em Brumadinho, que é perto de Belo Horizonte. É bom reservar pelo

É fato: Minas Gerais, quem te conhece, não esquece jamais. Um agradecimento especial aos mineiros que nos receberam com muita simpatia e carinho. E um aviso: voltaremos!
menos um dia para o passeio, pois há muita coisa para ver. Atualmente, as obras imperdíveis são as de Miguel Rio Branco (exposição fotográfica), Doug Aitken (O Som da Terra) e Jarbas Lopes (os fuscas encravados no gramado!). As obras de arte estão expostas a céu aberto em meio a um jardim botânico deslumbrante.


O que é imperdível no interior de Minas Gerais:
Memorial Tancredo Neves (São João Del Rei)
- Igreja Santo Antonio (Tiradentes)
- Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas)
- Inhotim (Brumadinho)


Bares e restaurantes:
- Villeiros (São João Del Rei)
- Pau de Angu (Tiradentes)
- Armazém (São João Del Rei)
- O Legítimo Rocambole (São João Del Rei)


Publicado originalmente em http://www.portocultura.com.br/2012/mineiradas/

Rambo 2

Foto: sdageneration/Flickr
Zeca é um guri de valor. Guri, guri, não, pois nasceu há mais de 30 anos, mas a alma é bem mais jovem que isso.

Já rodou o mundo tentando se encontrar. Não dá para saber direito se ele conseguiu. Zeca tem um quê de mistério escondido naquele rosto que guarda sempre um sorriso debochado. E vive no mundo da lua. Até hoje não sabe direito onde eu moro, embora nos conheçamos há uns 12 anos.

Os pais de Zeca são separados, mas essa situação não o incomoda, ao menos não é visível para quem com ele convive.

Desde muito jovem o Zeca trabalha, e trabalha duro. Já conciliou trabalho com a música, sua grande paixão, só que agora deu um tempo. Precisa pensar e resolver a vida. Crise dos 30 não acontece só com mulher.

Cada encontro com essa figuraça rende muita diversão. É impagável. Na última festa em que estivemos juntos, ele deu um porre em um pagodeiro com absinto. O músico se perdeu no pandeiro e se perdeu do pandeiro. Mas tudo isso sem maldade. Zeca não tem maldade. Sua essência é boa.

Ele vive tentando manter-se em forma. Diz ele que quer ficar bombado para que os homens o respeitem, pois acredita que sua pouca altura e corpulência o fazem correr certos riscos. 

Certa vez, acordou cedo e se mandou, meio dormindo, para a academia. É mais fácil acreditar que a gente consegue se superar quando acorda cedo para ir à academia, não? Ainda que a força de vontade não dure mais que um dia...

Zeca adentrou a academia e não avistou ninguém lá, senão uma bela morena a se exercitar. Ele é um caçador, adora estar ao redor de mulheres (e com mulheres ao redor), mas se cansa rápido, a não ser que tenha tido um trabalhão para conquistá-la, o que é difícil, já que é um sedutor de primeira.

Pois bem, desde que começou a se exercitar no aparelho que modela o bíceps, Zeca tentava desenhar em sua cabeça uma estratégia para aproximar-se daquela morena bonita. Todavia, não estava em um bom dia. O sono ainda prejudicava o entendimento e ele não conseguia raciocinar direito.

A ansiedade do nosso amigo não permitiu que ele pensasse por mais um tempo, até porque a moçoila estava instalada ao lado do bebedouro, cansada, com ares de quem iria embora logo, logo.

A estratégia de Zeca estava montada, com base no "vai ou racha". Dirigiu-se até o bebedouro, como quem fosse beber água, encarando a moça de uma maneira intimidadora. Quando ela percebeu, seus olhos reviraram, como quem diz "ai, meu Deus, não acredito..." Pois pode acreditar. Zeca debruçou-se sobre o bebedouro e, com um olhar 43 - supostamente sedutor -, fitava a guria sem parar. Ela conduziu o olhar para o lado oposto, na certa temendo a provável investida, mas foi inútil... 

Depois de algum tempo de silêncio constrangedor, a moça começa a levantar-se e Zeca, temendo a saída dela do recinto, dispara:

- Já assistiu Rambo 2?

A moça, com um olhar apavorado, geme:

- Hã?

- Tu já assistiu Rambo 2?

- Não...! Nunca assisti Rambo 2!

E Zeca, sem perder a pose:

- É que tem uma moça que aparece no início de Rambo 2 que é muito parecida contigo.

- Áh... 

A guria ficou vermelha sem querer, certamente com vergonha alheia pela inusitada cantada que acabara de receber. Baixinho ela disse:

- Então tá... tchau.

E a morena saiu tão depressa da academia, que parecia escapar de um louco.

Zeca ficou lá parado, meio atônito. Sabia que a investida não tinha dado certo e tinha vontade de bater a cabeça mil vezes na parede da academia. Nunca mais assistiu ao Rambo 2. 


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

[Aventuras Pelo Sudeste] Aterrissando em Bérizonti


Saímos às 10h da manhã de Porto Alegre, voo sem escalas, e aterrissamos no Aeroporto Internacional Tancredo Neves por volta das 11h50min.
Uai! Chegamos em Minas Gerais!Há dias as chuvas castigavam esse estado, notícias apavorantes nos chegavam através dos jornais e da televisão. Mas não é que um lindo céu azul nos recebeu?
De Confins até Belo Horizonte é uma viagem de mais ou menos uma hora. Vale a pena. A vista é incrível.Após fazer o check-in na pousada, eu e minha irmã fomos encontrar a nossas amigas no Shopping Parque Savassi para o almoço. A chuva veio.
As duas gaúchas, a pé, resolvem se abrigar embaixo de uma árvore (como se fosse adiantar) até que um mineirinho de guarda-chuva grita: “Querem carona? Se quiserem, venham logo!”.E lá estávamos nós, compartilhando o guarda-chuva com um novo amigo, bem humorado, e que nos deu dicas preciosas sobre o tempo por esses dias em Minas Gerais.
Depois do almoço, decidimos ir até o Museu Histórico Abílio Barreto. Na saída do Shopping, pedimos informações a uma mulher que estava com o seu filhinho fofo. Não é que ela nos deu uma carona até o museu? Providencial, já que batia água naquele momento.
Alguns museus depois, parada para um pão de queijo básico na Praça da Liberdade e, depois, jantar. Queríamos um barzinho, já que Belo Horizonte é a capital mundial dos bares, mas, em razão da chuva, não poderia ser a céu aberto.Acabamos no Tizé, lá no bairro Lurdes. O ambiente é aconchegante, cheio de pessoas bonitas e sorridentes. Os pedidos foram pasteis de angu com recheio de carne seca e uma farofa de ovo. Dos deuses. Até agora dá água na boca, só de pensar na farofa. Ah! não esquecemos da cachaça, muito famosa em Minas Gerais. Uma dose de Monte Verde. Deliciosa.
No dia seguinte, fomos almoçar no Mercado Central após os passeios. O cardápio foi sensacional no premiadíssimo Casa Cheia: almôndegas de carne seca com molho de abóbora. Combinação perfeita.
Casa do Baile (Lara Branco)
À tarde resolvemos ir até o Complexo da Pampulha. Estávamos ansiosas por Niemeyer. Fomos de ônibus, porque o transporte coletivo funciona muito bem em Belo Horizonte. Pedimos informações a um belo-horizontino muito educado, que acabou nos revelando que também não conhecia o Complexo da Pampulha, embora tivesse morado a vida toda em BH. Saltou no mesmo ponto que nós e nos acompanhou em torno da Lagoa e das obras encantadoras do nosso arquiteto-gênio. Foi uma tarde divertidíssima. Sorrimos de fazer a barriga doer e acabamos em um parque de diversões.
O jantar foi no falado e badalado Bolão, no bairro Santa Tereza. Dizem que lá é feito o melhor espaguete de BH. Não tenho dúvidas, pois o espaguete com molho à bolonhesa foi o melhor que já comi em toda a minha vida.
O que me encantou nesses dois dias de Belo Horizonte foi a simplicidade, generosidade, gentileza e simpatia dos mineiros (além do sotaque, pois adoro quando eles dizem Bérizonti para se referir à sua capital).
A cidade é limpa, arborizada e aconchegante, totalmente planejada (foi a primeira cidade planejada do Brasil), com obras magistrais de Oscar Niemeyer, a maioria durante o governo de Juscelino Kubitschek na prefeitura de BH.
O que é imperdível em Belo Horizonte:
- Complexo da Pampulha (comece pela Casa do Baile, uma construção que acompanha as curvas da lagoa)
- Museus da Praça da Liberdade
- Museus culturais (tem aos montes)


Bares e restaurantes:
- Tizé Bar e Botequim (Lurdes)
- Casa Cheia (Mercado Municipal)
- Bolão (Santa Tereza)