quarta-feira, 30 de novembro de 2011

8 Desilusões


Foto: italorios/Flickr
Não dá pra saber o tamanho da dor até sentir, né?

Pois é, a gente sempre se achando forte demais, dona de si demais, inatingível demais e, quando menos espera, vem uma bomba, daquelas infinitamente potentes, e destrói todos, mas todos os castelos de areia. Só sobram os farelinhos.

O tamanho do tombo demonstra a dimensão do sentimento. Dá para descobrir também pela quantia de machucados, roxos, arranhões e tal.

É quando a gente para e pensa: de novo!?

Outro dia vi uma guria num filme dizendo que teve 8 desilusões amorosas. Eu parei para pensar em quantas eu tive. E qual foi a minha surpresa quando contei e me deparei com 8, tal qual a moça do filme. Pensei: ainda bem que não foram 7, porque 7 até hoje eu considerei meu número da sorte. Agora 8? Ah! 8 não é nada!

Não, 8 é muito! Ter 8 dodóis de amor é chato. E ruim de carregar, sim, porque é um fardo que a gente carrega, como no conto das pedrinhas na saca. Eu carrego 8 pedras.

Queria poder dizer que essas 8 desilusões não foram nada, pessoas irrelevantes e sem significado algum. Mas seria mentira. Cada um teve o seu tempo e sua história. Ninguém passa pela vida da gente por acaso. Quem passou pela minha vida e me machucou, fez uma casca ao redor de mim crescer. Hoje essa casca tem 8 camadas. E me mantém, creio eu, mais forte.

Tenho uma amiga que diz: “ah, mas a gente cai, se machuca, levanta e começa tudo de novo, assim é a vida!” Que belíssima frase! Essa pessoa realmente está evoluída (sozinha ainda, mas evoluída). Ainda não cheguei nesse nível. E olha, para dizer bem a verdade, ando totalmente descrente.

As pessoas dizem: “a tua hora vai chegar, tu merece algo melhor, bem melhor do que os te apareceram até agora”. Na hora acalma, mas quando eu levo uma bordoada penso: eu não sou tão boa assim, não é possível. Ou esse cara não existe. Ou está vindo a cavalo, de tanto que eu desejei um príncipe encantado dos contos de fada da Disney.

O fato é que estou aprendendo, há anos e a duras penas. Ainda não encontrei o ser que goste de música, literatura, cinema e café; que saiba tocar violão; que me entenda e me respeite (porque se não agüentar meus defeitos, como pode ter as minhas qualidades? Foi a Marylin que falou isso, né?); que seja leal e não conte mentiras (por favor!); que seja espiritualizado; que brinque comigo de descobrir desenho em nuvens; que possa passar uma tarde inteira deitado na grama ao meu lado contando histórias de fazer rir. Será que não quero demais? Acho que Santo Antonio já desistiu de fazer essa pessoa chegar até mim (se é que ela existe...).

Novamente eu fiz a tal promessa: não vou mais me apaixonar e não vou mais permitir que ninguém me machuque. 8 é demais, né?


Mas... e se o 9º chegar...?




sábado, 26 de novembro de 2011

Dia de Ação de Graças


Eu adoro sábado. É o dia em que coloco minhas leituras, filmes e seriados em dia, além de aproveitar para dedicar mais tempo à Malu, em que pese eu tenha aula aos finais de semana até março.

Mas esse sábado é especial, sabe? Cá estou eu com um chimarrão recém cevado, a Malu ao meu lado encantada com o seu novo livro “Alice no País das Maravilhas”, recheado de pop ups divertidas, além de ser sonoro (queria um desses para mim, hehehe), e contente, muito contente.

Foram duas semanas complicadas no trabalho, esperando decisões que mudariam a vida de pessoas próximas. A tensão era absurda, parecia que o tempo não passava e ao mesmo tempo as coisas aconteciam tão rapidamente... morei em Porto Alegre durante esses dias (agradecimentos especiais às queridas Joice e Lucia, que me acolheram no seu alegre lar), tentando resolver tudo da melhor maneira possível.

Passei por extremos esses dias. Cada dia era uma nova ideia, uma nova petição, uma nova audiência, incontáveis idas e voltas ao Tribunal de Justiça e Foro Central... noites e noites sem dormir, incansáveis leituras de doutrina e jurisprudência...  fiz tudo, absolutamente tudo o que estava ao meu alcance.

Em alguns momentos questionei os desígnios de Deus e me perguntei se era mesmo necessário passar por toda aquela provação. Algumas vezes quase perdi a fé, mas isso é muito maluco porque, embora parecesse que minha crença estava por um fio, nunca pensei em desistir, tampouco me conformei quando o desembargador, no alto de sua cadeira que quase alcança o céu, tamanha a prepotência, tentou tirar todas as minhas esperanças, insinuando que eu me conformasse, que isso era assim mesmo e não havia o que fazer. Saí daquela sala engolindo toda a minha revolta com parte dos membros do Poder Judiciário, que são pagos por nós para fazerem justiça, mas passam as tardes gargalhando pelos gabinetes e tomando cafezinho.

Certa manhã, num dia de correria, acordei em Lajeado e fui à igreja. Era dia de Ação de Graças. A igreja estava cheia de crianças vestidas como anjos, que saltitavam em um ensaio para uma apresentação à noite. Quando acabei as orações fiquei lá sentada, admirando aquelas crianças encantadoras. O Padre veio ao meu encontro, cumprimentou-me e com a mão no meu ombro, perguntou:

- E essa menina?

Respondi, quase sem voz:

- Preciso de orações para renovar minha fé, Padre...

Ele disse:

- Hoje é dia de Ação de Graças, dia de pedir ao Senhor o que desejamos, e ele nos atenderá.

Depois me abraçou e continuou:

- Eu vou orar contigo hoje, menina. Tudo vai dar certo. Fique tranqüila. Deus te abençoe.

Saí da igreja já conseguindo falar e respirar.

À tarde, quando voltava para casa, resolvi conferir os processos que andavam me tirando o sono, mas não estava esperando nada de extraordinário, já que conheço a justiça e sei que, embora a gente tenha o direito, algumas questões são morosas, e qual foi a minha surpresa quando vi a concessão do pedido que eu havia feito em letras garrafais na tela do computador. Eu não sabia se chorava ou se ria. Imediatamente tratei de avisar a quem interessava. Não tem preço ouvir agradecimentos emocionados e saber que o teu trabalho duro efetivamente dá bons frutos.

Eu ajudei duas famílias, mas, se não fosse uma juíza séria e competente, que tem coragem e enfrenta órgãos superiores para fazer a justiça prevalecer, eu não teria conseguido nada, não nesse momento.

Tenho certeza também que não teria conseguido se não tivesse renovado minha fé no dia de Ação de Graças. Obrigada ao Padre da Igreja Matriz de Lajeado, que me encorajou e ensinou a nunca duvidar dos desígnios de Deus.

Foto de Francis Engers

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Porto Alegre é Demais

Certa vez vi em um filme, se não me engano em "O Diabo Veste Prada": "Existe a Cidade onde você nasceu e a Cidade Natal. Cidade Natal é a que você adota". É uma grande verdade.

Passar alguns dias em Porto Alegre é simplesmente mágico. Sério. Há poucas cidades tão acolhedoras, encantadoras e tem um toque de nostalgia impressionante.

Vivi um ano na Capital dos Gaúchos e nunca mais esqueci das delícias que lá experimentei. Morar na Cidade Baixa é "cool", como me disse uma vizinha certa vez. Caminhar pela Lima e Silva observando as cores, cheiros e sabores é inesquecível.

Porto Alegre é a cidade onde tu podes ser quem tu és, onde tu podes ser quem tu quiseres. Ninguém se importa se tu estás de pijama ou de chapéu mexicano; de pés descalços ou com o mais belo sapato de uma loja sensacional do Barra Shopping; se tu tomas café ou um chopp bem gelado no meio da tarde...

Lembro que eu fui morar em Porto Alegre depois de me formar, para fazer uma especialização. E, de fato, eu só tinha vontade de estudar. É uma cidade que respira conhecimento e cultura, onde ambos são irresistíveis. Andava de livraria em livraria, de biblioteca em biblioteca, sempre maravilhada com tudo e buscando mais.

Adorava ir às aulas a pé, porque eu atravessava a Borges até chegar na Rua da Praia. Ah! a Rua da Praia, de um charme encantador, onde tu podes encontrar tudo o que imaginar. E, lá adiante, sempre dava uma chegada na Casa de Cultura Mário Quintana para passar as tardes lendo ou estudando, ou simplesmente para tomar um bom café.

Foi no Parque da Redenção que comecei a correr e nunca mais parei. Lá também aprendi a sentar na grama para contemplar a natureza, caminhar descalça e aproveitar um chimarrão recém cevado olhando as nuvens lá no céu...

Fiz muitos amigos leais em Porto Alegre, presentes na minha vida sempre. É inexplicável a sensação de encontrar um por um cada vez que posso dar uma fugidinha até lá. E, sim, sempre que dou uma fugidinha, é para Porto Alegre que vou.

Porto Alegre é a minha Cidade Natal.




sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Veredas Novas (Léo Rosa)


Havia um jagunço – conheci de leitura. Gostava de filosofar. Estava seguro de que pensava com os pensamentos que floresciam da própria cachola. E se gabava: “Eu sou é eu mesmo, não pertenço a razão nenhuma, não guardo fé nem faço parte.” Existia outro sujeito – esse eu conheci de vista própria – que avaliava suas ideias como boas e acabadas. Não queria misturar ideia nova, ou teria que pensar sobre coisa já pensada.
Se alcancei a um e a outro, ambos compreendem que viver é perigoso. Mas se vê que guardam diferença entre si no modo de estar nesse perigo que é a vida. O sujeito que conheci fechou-se na sua concepção de mundo, e não quer solavancar a existência. O jagunço lido sabe que “viver é um descuido prosseguido”, “viver é etcétera”.
Nisso assuntava Villa, amigo meu, quando surgiu Sthefane, amiga dele. Ela logo declara limites: “Está tudo mais delicado, estabeleci um relacionamento.” Villa, espantado, ponderou: “A mulher moderna não se inflige restrição, e certos costumes são uma armadilha.” Sthefane aquiesce, mas diz dever respeito, que alguém tem que ceder. Desfia, enfim, esses pretextos que algumas mulheres usam para justificar submissão. Villa concorda com haver respeito, mas replica: “Ninguém tem que ceder, só cabe combinar; e há um mínimo só meu que quer ser respeitado.”
Sthefane se agarrava no contrário, ainda que Villa falasse: “Se você age conforme certos costumes, você será os certos costumes; a vida tem outras coisas a se viver, nem que se as invente.” Nada. Ela queria estar nas regras mais costumeiras dos costumes do seu lugar. E buscou um argumento antigo, desses de desesperançar: o que ouvia era ideal, bonito, mas na prática não iria funcionar.
Villa se indignou: “nada de idealismo, me arredo do medíocre, busco o sensível, tento me fazer vontade de mim, não me deixo levar.” E meio vencido, completou: “Sthefane, você parece pronta entre certezas, definições.” Sthefane, por igual, deu-se por injuriada: “Não acredito que sejam costumes. São minhas convicções, princípios em que acredito.” – Mas de onde vêm essas convicções? – Não sei, mas é o que constitui a minha personalidade, o que adoto como “caminho.”
– Adota? Talvez, mas… olhe, as circunstâncias, elas nos instilam as coisas. Não é simples lidar com isso. Quero dizer: nós pensamos com o que está em nossa cabeça… o que está na nossa cabeça veio do mundo; o pensamento seguinte, é como se fosse o desdobramento do anterior… não é fácil sair do círculo vicioso. – Acha que não sei pensar? – Todos sabemos. Não se trata de não saber, mas de se estar avisado. É difícil a crítica de si próprio. – Em algum momento temos que formar nossas opiniões, fixá-las, ter algo em que acreditar. – Olha, opiniões, crenças… há que tê-las, mas há que saber que são provisórias.
Ambos seguramente entenderam: acabara a conversa. Um certo silêncio, Sthefane pensou alto: “Tudo isso é muito subjetivo.” Villa obrigou-se a responder: “Exatamente, mas a nossa subjetividade é constituída pelas circunstâncias em que vivemos; se não nos cuidamos, reproduzimos essas circunstâncias, acabamos cativos delas.”
Então, já depois do fim, Sthefane ainda falou: “Olha, não quero mudar nada, só quero ser feliz do jeito que sou, e eu decido se quero mudança.” Villa, distraído, rematou: “Eu minto que tenho um primo, o Guimarães. Ele conta que um cara disse que pra ter coragem de buscar veredas novas só temos que temer o próprio medo, e que o medo agarra a gente é pelo enraizado. Bem, você decide se quer mudar.”

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vai Pedir Pra Sair?


Tudo começou com uma denúncia pela revista Veja. Pagamento de propina por parte das ONGs, desvio de dinheiro público... já ouvimos isso em algum momento, não?

Já. E tem sido habitual nesse primeiro ano de governo Dilma. Até agora já caíram 5 ministros. É um número preocupante, pois a média é de 1 a cada 2 meses. Em setembro, Lula falou que os ministros só caem porque não têm “casco duro”.


Pois bem, agora está na corda bamba o Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. A acusação: os trabalhistas do ministério andaram cobrando propina das ONGs. É, o período é negro.


Na primeira entrevista coletiva, o Senhor Ministro declarou que só sairia do ministério “abatido à bala”. Realmente, se só sai “abatido à bala”, tem que ter o casco duro, como falou o Lula.


Pois é, só que a declaração de Lupi não agradou a presidente, razão pela qual hoje ele se desculpou pelas palavras mal proferidas (lembremos que Nelson Jobim foi demitido por razões semelhantes: declarações que não agradaram ao governo), afirmando: “Eu te amo, Dilma”. Esta, por sua vez, diz que aquela afirmação ficou no passado.


A corrupção no governo federal se tornou uma constante. É impressionante que, com uma freqüência assustadora, novos casos de dinheiro público embolsado e propinas venham a tona e o pior: pouco ou nada de punição.


Nenhum dos ministros foi “convidado a se retirar” pela presidente nos casos de corrupção. Em todos os casos criou-se uma situação insuportável que os próprios pediram para sair. E sabe quem é o responsável pela saída dos corruptos do poder? Nós, enquanto opinião pública e detentores do poder de voto, porque o governo não demite ninguém, a menos que não tenham votado nele.


E mais: os ministérios são nossos, do povo, e não do PMDB, PC do B, PDT ou demais partidos políticos. Portanto, devem ser pensados para nós, e não para os partidos que, muitas vezes, utilizam o poder que foi dado pelo povo para interesses próprios.


Sabe o que mais indigna? O fato de que o Palácio do Planalto já havia advertido o Ministério do Trabalho e Emprego acerca do número exagerado de convênios. Nada mudou. E lá está Carlos Lupi, lépido e fagueiro, dando desculpas esfarrapadas e ajoelhando-se aos pés de Dilma. O PDT ameaça “mudar de lado” se o seu ministro cair.

E quanto a nós? Pagamos a conta. 
E aí, Lupi, vai pedir pra sair?

O Segredo de Brokeback Iceberg

Eu já havia ouvido falar sobre o fato de que pinguins do mesmo sexo podem ter um relacionamento estável, mas nunca tinha visto nada concreto até os pinguins africanos de Toronto, chamados Pedro e Buddy.

Os dois ficam juntinhos o tempo todo e, com o intuito de reprodução, o zoológico resolveu separá-los. Aí surgiu a polêmica entre os canadenses, que ganhou repercussão internacional, e o caso foi apelidado de "O Segredo de Brokeback Iceberg", em referência ao filme "O Segredo de Brokeback Mountain", que aborda um relacionamento gay, lembram?


Pena que Pedro e Buddy vão ser separados para a procriação. É uma história de amor não vai ter final feliz.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Gênio Insano

Vi um vídeo espetacular e não poderia deixar de compartilhar com vocês:  “The Works”, de John Walden, que compilou 7 filmes de Quentin Tarantino em  2 minutos e meio. Dá vontade de ver tudo de novo. 

Tarantino é demais. É inacreditável que “Bastardos Inglórios”inteligente, embora simples – não tenha ganho o Oscar, pois era infinitamente mais merecedor que “Guerra ao Terror”


Até Bastardos, eu tinha uma séria restrição a Brad Pitt. Depois, minha opinião mudou totalmente. Tarantino teve o poder de transformar um rostinho bonito e medíocre em um estereótipo americano sensacional na 2ª Guerra Mundial. Todavia, quem rouba a cena nesse filme é Christoph Waltz, simplesmente FANTÁSTICO. 


Agora, se tu já viste “Kill Bill”, com certeza isso te fez acreditar na genialidade de Tarantino. Desde que vi “Kill Bill – volume 1”, tornei-me uma seguidora de fé de sua obra. 


Eu amo a “violência tarantinesca”, mas há quem a odeie, porque ele provoca extremos. Podem acusar Tarantino de ser um eterno nerd adolescente. Eu só tenho a agradecer.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Amizade e respeito

Hoje parei para pensar: qual o limite das palavras em um relacionamento? Até que ponto filtrar o que é dito é compatível com a sinceridade?

Vou falar especificamente da amizade, porque se eu for me estender a outros tipos de relacionamento, esse post vai ficar enorme e entediante.


A amizade, para mim, é extremamente importante. Sendo bem clichê: amigos são a família que a gente escolhe. 


É, gente, tenho para dizer que construir e cultivar uma amizade não é fácil. Deve haver respeito, solidariedade, lealdade, sinceridade, cumplicidade e mais uma infinidade de coisas que fazem uma amizade se tornar sólida, duradoura, real. Sim, real, porque em tempos de Facebook e Twitter, há muitas amizades virtuais, no sentido literal do termo.


Pergunto: quando o respeito em uma amizade deixou de ser importante? É permitido a um amigo ultrapassar os limites da sinceridade fazendo-a se transformar em desrespeito? Eu digo a vocês: nunca. Nunca o respeito deixou de ser importante e essencial entre amigos. Trata-se de uma qualidade importante em qualquer relacionamento e é uma das bases para a boa convivência em sociedade. Não dá para sair dizendo o que pensa e o que tem vontade, ofendendo e magoando as pessoas. Ninguém é uma ilha, tampouco consegue viver sozinho. Pensem se todo mundo resolve ser estúpido a ponto de desperdiçar a convivência com pessoas que o amam porque não foi o esperto o bastante na hora de falar e tem o cérebro muito perto da boca? Pronto! Estaremos condenados à solidão eterna dentro do nosso mar de egoísmo e suposta "felicidade".


Sou meio radical nos meus relacionamentos: 8 ou 80. Ou eu gosto muito de ti ou eu não gosto. Comigo não tem essa de gostar um pouquinho, gostar mais ou menos. Porém, se tu fores 8 ou 80, vou te respeitar da mesma maneira. E mais: tu vais saber se eu não gostar de ti, mas jamais vou te desrespeitar.


Esse é o ponto: tu tens que respeitar as pessoas, especialmente se forem tuas amigas! É possível ser sincero sem magoar ou ofender. Não dá para sair falando o que tem vontade, sem respaldo (ou com respaldo, mas pelo menos que isso fique claro), e depois fingir que está tudo bem. Não, não está tudo bem. Eu quero e exijo respeito dos meus amigos. Acho que é o mínimo que posso desejar em um relacionamento que demanda tantos predicados como a amizade, né? Se tem dúvida, esclarece; se está chateado, seja sincero; se tem um conselho, não deixe de compartilhar; mas jamais, jamais desrespeite um amigo, principalmente sem explicação alguma, e deixe de pedir desculpas se essa pessoa for importante para ti. Se não for, paciência. Esquece tudo e segue em frente, mas fique sabendo que talvez tu tenhas perdido uma pessoa muito bacana nessa longa estrada da vida.

Ótima lição da Britta para o se amigo Abed em Community (S01E21):
- Abed, sabe o que eu costumo fazer? Antes de falar eu me pergunto: "O que estou prestes a dizer e como isso afetará quem está ouvindo?"



domingo, 6 de novembro de 2011

Sobre a natureza...


O Mundo (Eduardo Galeano)

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.

Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.


— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.


Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Quem gosta de ler não padece de tédio


Kansas City Public Library
A leitura traz conhecimento, nos faz viajar, ensina, emociona e mais uma infinidade de coisas bacanas que só quem lê sabe bem. E a mais pura verdade dentre tantos benefícios: quem gosta de ler não fica entediado.

Hoje, após o término antes do horário previsto de mais uma aula interessantíssima sobre Direito Notarial (sim, eu ando fazendo atualizações aos finais de semana), me peguei pensando:


- O que vou fazer?


Claro que esse pensamento só durou uns 10 segundos, já que, como a própria versão da ansiedade que sou, descobriria na hora:


- Vou àquela livraria que tem uma cafeteria maravilhosa!


Não poderia ter sido escolha melhor: cheiro de livro e café! Quer melhor que isso para um final de tarde de sábado solitário em uma selva de pedra?


Bom, o plano era comprar um livro para a minha pequena Maria Luiza, de 5 anos, que adora piratas e está aprendendo a ler. Que dificuldade! Fiquei perdida em meio a tantas opções coloridas e divertidas. Confesso que até a seção infantil me seduz. E muito!


Certo. Missão cumprida. Lá estava eu com um livro de piratas que ensina a contar e um livro de princesas que ensina a ler. Porém, antes de chagar ao caixa para pagar logo e desfrutar de um delicioso café cheiroso e quentinho, pensei:


- E para mim... nada???


O sentimento foi de uma criança desapontada a espera de um presente que não chegou.


- Ah! mas um livro só não vai doer!


Então fui correndo à prateleira e agarrei com as duas mãos a leitura por mim mais desejada no momento: “Guia Politicamante Incorreto da América Latina”, de Leandro Narloch e Duda Teixeira (prometo informá-los por aqui sobre o teor deste livro, mas somente depois que ler “Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, para que eu possa ter uma visão ampla). E lá veio a vendedora sorridente me abordar:


- Só isso?


- Só... deixa eu dar uma olhadinha nas novidades...


Imaginem se não! E ela, ainda sorrindo, questionou:


- Tu gostas de romance? Romance com suspense?


Quase que eu disse:


- Olha, se tu me trouxeres aqui uma bula de remédio, eu leio!


Mas me contive da brincadeirinha fora de hora e respondi:


- Claro! O que tu tens nesse sentido?


E não é que a guria puxa da prateleira um livro lindo, com um laço azul, mais ou menos como um diário de adolescente, sabe? (eu tive!) Um charme!



O tal livro bonito é “A Vidente”, de Hanna Howell. Parece que encontrei um remédio poderoso para evitar o tédio nesse final de semana solitário. Depois que acabar mais essa aventura literária, passarei minhas impressões a vocês. Já desfiz o laço...

Sobre Utopia...

"A utopia serve para nos fazer caminhar." Com estas palavras, Eduardo Galeano inicia uma bela entrevista, com passagens que denotam esperança e, quiçá, a possibilidade de alcançarmos a utopia... com as mãos. Achado da esperta Sheila Silveira, lá no Lugar Comum.

"Se não nos deixares sonhar, não lhes deixaremos dormir."



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Relatório de Desenvolvimento Humano 2011

Vi no Jornal do Almoço de hoje que o fator decisivo para que o Brasil ficasse em 84º lugar no ranking mundial do IDH foi a educação (ou a sua "falta"), e que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva ficou furioso, exigindo uma atitude da presidente Dilma. Fiquei pensando: que atitude seria essa? O que será que ele pensou? Ah! Deve ser algo como processar o PNUD, né? Esta pesquisa só pode estar equivocada...

Vamos brincar de governar!?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Crianças indígenas podem trabalhar?

Estava vendo desenho animado com a minha filha e tomando chimarrão, como faço todos os domingos pela manhã, ainda mais nos chuvosos, quando a campainha toca.

Ao abrir a porta, dou de cara com dois indiozinhos lindos, uma menina e um menino, deviam ter 6 ou 7 anos. Não mãos, artesanatos para vender. E me perguntaram: "tem alguma coisa pra dar?"

Parei para pensar de novo, porque muitas vezes já fiz isso e milhões de coisas vêm a minha cabeça, é trabalho infantil, não é? Onde estarão os pais dessas crianças, que as deixam sair abaixo d'água (sim, porque está chovendo demais) para vender artesanatos e pedir nas portas das casas?

Fiquei comovida com aqueles dois pequenos encharcados TRABALHANDO em pleno domingo e na hora do almoço. Tentei convencê-los a ficarem para comer algo, mas me informaram que precisavam ir.

Onde estão os governantes que não veem isso? Não é só na minha cidade e não foi só comigo que aconteceu, é corriqueiro, todo mundo já deve ter visto crianças indígenas vendendo artesanato ou pedido coisas, né?

Certa vez eu estava na rodoviária de Passo Fundo e um indiozinho veio me pedir dinheiro porque estava com fome. Eu disse: "não vou te dar dinheiro, mas algo para comer". E comprei um pastel e refrigerante para o guri. Em que pese a minha inistência, ele não quis comer na lancheria e saiu caminhando. Acompanhei com o olhar aquela criança, e, pasmem: entregou a refeição que eu acabara de dar a uma índia adulta que estava sentada em um canto da rodoviária, com o corpo reforçado, me fazendo presumir que estava bem alimentada. Depois lá estava o indiozinho, novamente a pedir dinheiro. Fiquei chocada e ao mesmo tempo muito irritada. Não suporto exploração infantil, seja de quem for, seja da cultura que for.

E meus pensamentos vão longe. Por que ninguém faz nada a respeito disso? Por que permitem que crianças trabalhem e se transformem em pedintes nas ruas das cidades? Onde está a FUNAI? Pelas informações que tenho, os índios recebem assistência dessa entidade para sua manutenção e sobrevivência, sendo assim, há necessidade de "explorar' crianças?

Outro dia os índios fizeram uma grande manifestação em todo o estado do Rio Grande do Sul, reivindicando melhores condições e uma maior porção de terras para trabalhar. Considero digno, considero justo e toda manifestação é livre. E, até onde sei, os indígenas recebem auxílio do governo e terras para trabalhar porque tudo lhes foi "usurpado" por ocasião da colonização. Mas quem estava à frente das manifestações fazendo barreiras nas estradas? As crianças. Ninguém me contou, eu vi.

E outra, eu nunca vi - a não ser na Bahia - índios preservando a sua cultura. Sério. O que vejo habitualmente são CRIANÇAS indígenas vendendo artesanato e pedindo dinheiro nas cidades, índios vendendo terras, indispondo-se com outras culturas, comprando automóveis e tecnologia de alto valor etc. Há algo errado, não?

Qual a necessidade de explorar crianças? Para comover as pessoas? Eu me comovi com as crianças em condições, na minha opinião, desumanas, mas fico extramamente irritada com os adultos que as submetem a tais condições.

Criança deve ser tratada como criança em qualquer lugar e em qualquer cultura, sempre.