sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Alguma coisa acontece no meu coração...

Quem é que já planejou uma viagem de turismo a São Paulo? Eu não conheço ninguém que tenha feito isso, embora muita gente vá até lá, já que a cidade é ponto de negócios.

Eu precisei ir a São Paulo em julho, o compromisso surgiu meio em cima da hora. Deu um frio na barriga na pessoa aqui que se criou no interior, mas a vontade de explorar a maior cidade da América Latina superou o medo.

Decidi ficar na Vila Madalena. O bairro é conhecido como o reduto de artistas, intelectuais e boêmios. Como eu queria curtir a cidade, hospedei-me no Hostel Alice, que é barato e faz com que sobre dinheiro para fazer mais programas culturais e gastronômicos.

Exposição Jorge Amado
Garoa constante em Sampa. No primeiro dia, fui ao Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz. Havia uma exposição em comemoração aos 100 anos de Jorge Amado. Seus personagens estavam estampados nas fitas coloridas, azulejos e garrafas de azeite de dendê. O "Bataclã", cabaré da sua obra mais popular "Gabriela Cravo e Canela", estava em um luminoso vermelho que lembra as casas de tolerância de beira de estrada. Fiquei um tempo sentada em meio às palavras e fotografias amando Jorge. Amado. Logo depois, subi um andar e conheci uma incrível relíquia das palavras. Palavras faladas, escritas, dançantes... descobri detalhes sobre a língua portuguesa que não conhecia, especialmente sobre o fato de derivar do latim, não o clássico, mas o vulgar, além das diferenças da língua no nosso país. É como se houvesse muitos Brasis dentro de um só.

Não poderia deixar de visitar a Pinacoteca, ainda na Estação da Luz. Me perdi em meio às obras de arte, que vão de artistas do interior do estado de São Paulo a Rodin.

Pinacoteca
O programa inusitado (porque não fora planejado, tampouco imaginei que fosse curtir algo assim em Sampa), foi a missa noturna no mosteiro de São Bento. De lavar a alma o culto em latim ao som de canto gregoriano.

Reservei uma manhã inteirinha para passear pela Vila Madalena. Se tem um horário que justifica o nome da vila é pela manhã: senhoras arrastam carrinho de feira, casais fazem caminhadas matinais e padarias servem café da manhã. O meu desjejum foi no N'o Café, onde conheci uma paulistana simpática que me contou sobre os altos preços dos imóveis no bairro. Acreditem: o metro quadrado de um apartamento novo custa em torno de R$11.000,00! Após o maravilhoso café, passei horas na Livraria da Vila, que fica perto da feira livre. Encontrei uma diversidade incrível de livros de arte e CDs raros. Comprei dois livros em francês.

Roda de Samba no "Ó do Borogodó"
Queria almoçar no Galinheiro, mas às 14 horas estava absolutamente lotado, razão pela qual optei pela feijoada com roda de samba do Ó do Borogodó. Uma delícia! Lá conheci duas paulistanas com sotaque inconfundível, com as quais dividi a mesa, a cerveja gelada e muitas histórias.

Também fiz um lanchinho gostoso na "Deli Paris" e me perdi pela Livraria Cultura. Isso sem falar na caminhada pela Avenida Paulista e nos paulistanos, que são gentis e prestativos.

Juro, sempre pensei que odiaria São Paulo e sua loucura diária, mas foi uma ótima experiência. Conheci pessoas e lugares bacanas que jamais vou esquecer. Não sei se conseguiria morar naquele caos - que me é tão atrativo -, mas uma coisa é certa: em Sampa alguma coisa acontece no meu coração...




2 comentários:

  1. Aline, tive a oportunidade e o prazer de conhecer a Pinacoteca, o MASP e o Bairro Liberdade. Foi inesquecível. Estive duas vezes em SP, e só na segunda fugi de um congresso para fazer este passeio - e com certeza valeu muito.
    Neste site tem as fotos de algumas obras da Pinacoteca: http://cimitan.blogspot.com.br/2008/07/pinacoteca-do-estado-de-so-paulo-2.html
    Ficou ainda faltando conhecer muitas coisas, a gastronomia, por ex. Experimentei um restaurante coreano, cheio de pessoas de olhos puxados, e com uma comida tão picante que quase me fez chorar...hehe... Mas não arreguei, fui até o final na experiência antropológica! hehe... Eles tinham até um jornal escrito em coreano.
    O Museu de Língua Portuguesa não deu tempo de conhecer, mas está na minha lista de desejos.
    Tive a alegria de ouvir um pedacinho dos "Demônios da Garoa", cantando na hora que saímos do Bar da Brahma, aquele da esquina da Ipiranga com a Av. São João. Nada como passear pelos lugares consagrados da história cultural do Brasil!!

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    1. Nossa, Marcelo, que maravilha foi essa tua ida a São Paulo! Imagina Demônios da Garoa ao vivo! Na minha lista de desejos estão o MASP e o Museu do Ipiranga. Ainda volto a Sampa!

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