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sábado, 26 de novembro de 2011

Dia de Ação de Graças


Eu adoro sábado. É o dia em que coloco minhas leituras, filmes e seriados em dia, além de aproveitar para dedicar mais tempo à Malu, em que pese eu tenha aula aos finais de semana até março.

Mas esse sábado é especial, sabe? Cá estou eu com um chimarrão recém cevado, a Malu ao meu lado encantada com o seu novo livro “Alice no País das Maravilhas”, recheado de pop ups divertidas, além de ser sonoro (queria um desses para mim, hehehe), e contente, muito contente.

Foram duas semanas complicadas no trabalho, esperando decisões que mudariam a vida de pessoas próximas. A tensão era absurda, parecia que o tempo não passava e ao mesmo tempo as coisas aconteciam tão rapidamente... morei em Porto Alegre durante esses dias (agradecimentos especiais às queridas Joice e Lucia, que me acolheram no seu alegre lar), tentando resolver tudo da melhor maneira possível.

Passei por extremos esses dias. Cada dia era uma nova ideia, uma nova petição, uma nova audiência, incontáveis idas e voltas ao Tribunal de Justiça e Foro Central... noites e noites sem dormir, incansáveis leituras de doutrina e jurisprudência...  fiz tudo, absolutamente tudo o que estava ao meu alcance.

Em alguns momentos questionei os desígnios de Deus e me perguntei se era mesmo necessário passar por toda aquela provação. Algumas vezes quase perdi a fé, mas isso é muito maluco porque, embora parecesse que minha crença estava por um fio, nunca pensei em desistir, tampouco me conformei quando o desembargador, no alto de sua cadeira que quase alcança o céu, tamanha a prepotência, tentou tirar todas as minhas esperanças, insinuando que eu me conformasse, que isso era assim mesmo e não havia o que fazer. Saí daquela sala engolindo toda a minha revolta com parte dos membros do Poder Judiciário, que são pagos por nós para fazerem justiça, mas passam as tardes gargalhando pelos gabinetes e tomando cafezinho.

Certa manhã, num dia de correria, acordei em Lajeado e fui à igreja. Era dia de Ação de Graças. A igreja estava cheia de crianças vestidas como anjos, que saltitavam em um ensaio para uma apresentação à noite. Quando acabei as orações fiquei lá sentada, admirando aquelas crianças encantadoras. O Padre veio ao meu encontro, cumprimentou-me e com a mão no meu ombro, perguntou:

- E essa menina?

Respondi, quase sem voz:

- Preciso de orações para renovar minha fé, Padre...

Ele disse:

- Hoje é dia de Ação de Graças, dia de pedir ao Senhor o que desejamos, e ele nos atenderá.

Depois me abraçou e continuou:

- Eu vou orar contigo hoje, menina. Tudo vai dar certo. Fique tranqüila. Deus te abençoe.

Saí da igreja já conseguindo falar e respirar.

À tarde, quando voltava para casa, resolvi conferir os processos que andavam me tirando o sono, mas não estava esperando nada de extraordinário, já que conheço a justiça e sei que, embora a gente tenha o direito, algumas questões são morosas, e qual foi a minha surpresa quando vi a concessão do pedido que eu havia feito em letras garrafais na tela do computador. Eu não sabia se chorava ou se ria. Imediatamente tratei de avisar a quem interessava. Não tem preço ouvir agradecimentos emocionados e saber que o teu trabalho duro efetivamente dá bons frutos.

Eu ajudei duas famílias, mas, se não fosse uma juíza séria e competente, que tem coragem e enfrenta órgãos superiores para fazer a justiça prevalecer, eu não teria conseguido nada, não nesse momento.

Tenho certeza também que não teria conseguido se não tivesse renovado minha fé no dia de Ação de Graças. Obrigada ao Padre da Igreja Matriz de Lajeado, que me encorajou e ensinou a nunca duvidar dos desígnios de Deus.

Foto de Francis Engers

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Porto Alegre é Demais

Certa vez vi em um filme, se não me engano em "O Diabo Veste Prada": "Existe a Cidade onde você nasceu e a Cidade Natal. Cidade Natal é a que você adota". É uma grande verdade.

Passar alguns dias em Porto Alegre é simplesmente mágico. Sério. Há poucas cidades tão acolhedoras, encantadoras e tem um toque de nostalgia impressionante.

Vivi um ano na Capital dos Gaúchos e nunca mais esqueci das delícias que lá experimentei. Morar na Cidade Baixa é "cool", como me disse uma vizinha certa vez. Caminhar pela Lima e Silva observando as cores, cheiros e sabores é inesquecível.

Porto Alegre é a cidade onde tu podes ser quem tu és, onde tu podes ser quem tu quiseres. Ninguém se importa se tu estás de pijama ou de chapéu mexicano; de pés descalços ou com o mais belo sapato de uma loja sensacional do Barra Shopping; se tu tomas café ou um chopp bem gelado no meio da tarde...

Lembro que eu fui morar em Porto Alegre depois de me formar, para fazer uma especialização. E, de fato, eu só tinha vontade de estudar. É uma cidade que respira conhecimento e cultura, onde ambos são irresistíveis. Andava de livraria em livraria, de biblioteca em biblioteca, sempre maravilhada com tudo e buscando mais.

Adorava ir às aulas a pé, porque eu atravessava a Borges até chegar na Rua da Praia. Ah! a Rua da Praia, de um charme encantador, onde tu podes encontrar tudo o que imaginar. E, lá adiante, sempre dava uma chegada na Casa de Cultura Mário Quintana para passar as tardes lendo ou estudando, ou simplesmente para tomar um bom café.

Foi no Parque da Redenção que comecei a correr e nunca mais parei. Lá também aprendi a sentar na grama para contemplar a natureza, caminhar descalça e aproveitar um chimarrão recém cevado olhando as nuvens lá no céu...

Fiz muitos amigos leais em Porto Alegre, presentes na minha vida sempre. É inexplicável a sensação de encontrar um por um cada vez que posso dar uma fugidinha até lá. E, sim, sempre que dou uma fugidinha, é para Porto Alegre que vou.

Porto Alegre é a minha Cidade Natal.