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quinta-feira, 1 de março de 2012

À procura de João Gilberto


Foto: Lara Branco
“O Rio de Janeiro continua lindo” é a frase de Gilberto Gil na canção “Aquele Abraço” que tem tudo a ver com a Cidade Maravilhosa, em qualquer lugar e a qualquer tempo.

Lá não tem tédio, tampouco monotonia. As paisagens são tão deslumbrantes que a gente nem acredita. Dá vontade de dizer a uma das tantas pessoas que se amontoam no alto do Corcovado “me ajuda a olhar?”

O Rio é tudo isso e mais um pouco. É o local perfeito para se passar as férias dos sonhos, a lua-de-mel ou simplesmente pegar uma praia.

Nas minhas últimas férias, além de Minas Gerais, um dos meus destinos foi o Rio. Não espere de alguns cariocas a mesma hospitalidade de um mineiro, fato que me intrigou. Um taxista me explicou que eles são na verdade arredios e que têm medo de confiar nas pessoas por tudo que já passaram em se tratando de violência. Faz sentido.

Dá para andar tranquilamente pelas ruas, de dia ou à noite (com as precauções óbvias, claro). A pacificação das favelas proporcionou uma nova vida à cidade. Espero que a paz se eternize e não dure só até a Copa de 2014.

Escolhi Ipanema para me fixar naqueles cinco dias por ser o berço da Bossa Nova, da boemia, da alegria. Lá estão os milhares de bares que serviram de QG para os mestres Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.

João Gilberto. Desde que pisei na rua Vinícius de Moraes, mais precisamente na “Toca do Vinicius”, uma loja de discos muito simpática em Ipanema, não parei de pensar nele...
Estava em busca de souvenirs quando me deparei com o livro “Ho-ba-la-lá – À procura de João Gilberto”, do jornalista alemão Marc Fischer. Imediatamente o resumo da orelha da capa aguçou a minha curiosidade.

Ipanema
Perguntei a Carlos Alberto Afonso, dono da loja, se esse livro me ajudaria a compreender o surgimento da Bossa Nova, já que um de seus criadores foi João Gilberto. Ele me explicou, com paciência e perfeição, do que se tratava a publicação. Mais curiosa fiquei. Foi para o meu carrinho de compras, junto com “Chega de Saudade”, de Ruy Castro, a bíblia da Bossa Nova.


O que eu queria na verdade era entender a razão de ter a Bossa Nova encantado tanto e ainda conseguir manter as pessoas enfeitiçadas, pois em Ipanema vi gente do mundo inteiro se dirigindo ao bairro justamente para se inebriar com o ritmo, cuja presença é constante, desde o restaurante mais sofisticado até a barraquinha na beira da praia. Lembro especialmente do entusiasmo pela Bossa Nova do londrino Phill e do colombiano Juan, com os quais tomei uma caipirinha no Garota de Ipanema.

Bar Garota de Ipanema (Lara Branco)
Comecei a ler o livro no avião enquanto retornava a Porto Alegre. A busca de Fischer por João Gilberto quando veio de Berlim para o Rio é uma aventura detetivesca, inclusive ele se autointitula “Sherlock Holmes” e tem um “Watson”. O autor anseia encontrar João Gilberto para fazê-lo tocar “Ho-ba-la-lá” em seu violão centenário, música que ouviu pela primeira vez na casa de um amigo no Japão. O alemão foi contaminado pela batida do violão e o tom da voz de João.

O curioso é que Fischer não veio ao Brasil em busca do aclamado sucesso nacional e internacional “Garota de Ipanema”, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, mas da música de João Gilberto.

Fischer traçou os passos do músico no início da carreira, inclusive tocando e cantando em um banheiro em Diamantina, MG, cidade pela qual João Gilberto passou quando viajou pelo Brasil. Além disso, experimentou o seu prato favorito, visitou os locais onde, segundo sua pesquisa com amigos e conhecidos, João costumava visitar e conversou com importantes nomes da Bossa Nova. O jornalista descobriu que João Gilberto vive atualmente no Rio de Janeiro recluso em um apartamento, onde troca o dia pela noite e toca violão cerca de dez horas por dia.

O fato é que “Ho-ba-la-lá” mostra o quão misterioso é João Gilberto. Quanto mais sabemos sobre ele, menos o conhecemos, menos o entendemos e mais queremos saber...


Pouco tempo antes da publicação do livro, Marc Fischer se suicidou, por razões desconhecidas, conforme me contou o Sr. Carlos.



O livro é um prato cheio para os leitores que gostam de Bossa Nova, João Gilberto, Rio de Janeiro e boas histórias. Fiquei muito mais curiosa pela vida e obra do coração da Bossa Nova e com uma vontade absurda de voltar a tocar violão. Deve ser o efeito João Gilberto que, de acordo com Menescal em depoimento que embasou um capítulo do livro, muda as pessoas.








Editora: Companhia das Letras


Autor: Marc Fischer


Tradução: Sergio Tellaroli


Número de páginas: 184











sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Carnaval, futebol e... greve


No dia 03 de junho de 2011, bombeiros invadiram um Quartel General no Rio de Janeiro, reivindicando melhores salários. O ato extremo se deu após meses de tentativa frustrada de negociação com o Governo, pois a categoria considerava impossível sobreviver dignamente com R$ 943,00. A iniciativa dos trabalhadores obrigou o governador Sergio Cabral a melhorar os seus salários.
Neste fevereiro, faltando poucos dias para o carnaval, a polícia militar da Bahia começa uma greve com as mesmas reivindicações dos bombeiros do Rio. O caos se instala. Um número histórico de homicídios é registrado: 180 mortos em 11 dias de greve. As Forças Armadas e a Polícia Federal são convocadas para reforçar a segurança. O governo não cede. Os policiais militares, civis e bombeiros do Rio também ameaçam parar. O clima é de guerra civil.
Há, entretanto, uma larga diferença entre o movimento dos bombeiros do Rio e dos policiais da Bahia: aqueles contavam com o total apoio da população. Artistas gravaram mensagens em prol da sua anistia, veiculada pela televisão. O povo usou roupas vermelhas para expressar solidariedade a eles. Os baianos foram hostilizados após a divulgação, pelo governo do estado, de uma gravação em que os líderes da greve tramavam delitos, sendo suspeitos, inclusive, de 25 das 180 mortes ocorridas no período.
Foto: trip2gether/Flickr
Mesmo sendo um problema nacional, o governo está irredutível e evita a discussão. Fala-se em Carnaval, Copa do Mundo, reformas de estádios – mas não se cogita melhorias na segurança pública. O Congresso Nacional já avisou que não pretende discutir a PEC 300, que visa mudar a Constituição Federal, criando um piso salarial de R$ 3.500,00 para os policiais.
A greve é direito fundamental, assegurado no Brasil desde a Constituição de 1967 – antes disso, era tida como um ato de rebeldia, severamente punido -, tendo ganhado maior abrangência com o advento da Carta de 1988, que concedeu ao trabalhador um direito que o protege dos abusos sofridos no ambiente de trabalho. Ocorre, todavia, que o direito de greve não alcança a polícia. Embora tenham reivindicações justas, a greve do pessoal da área de segurança pública é inconstitucional. A atividade policial é serviço público essencial para a preservação da vida das pessoas e da ordem pública, valores imprescindíveis à própria sobrevivência do Estado Democrático de Direito.
A maneira adequada de solucionar o impasse seria levar as reivindicações às Câmaras dos Deputados, como todas as outras categorias, pois é o meio constitucional e legal de se pleitear reajuste de salário. Diante dessa crise, é preciso que a sociedade atente para a importância dos profissionais da segurança pública e inicie um debate profundo sobre a necessidade de melhorias no setor, sendo que a remuneração deve ser compatível com a atividade, até para evitar falta de dedicação exclusiva e a corrupção.
As decisões das polícias da Bahia e do Rio não se deram ao acaso: foram propositalmente planejadas para acontecer nos dias que antecedem o carnaval, decisão estratégica para pressionar os governos. Se nenhuma providência for tomada imediatamente, é bem provável que nos deparemos com a mesma situação às vésperas da Copa do Mundo.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Planejando uma Aventura

Uma das coisas que mais gosto de fazer é viajar. Não importa o lugar, nem a situação. Quem me conhece sabe que sou companheira para uma baita viagem ou simplesmente um "indiada" na beira do rio em um dia de calor.

Desde pequena fui acostumada a ir e vir. Meus parentes sempre moraram em cidades diferentes e eu tinha o hábito visitá-los com meus pais. De ônibus ou de carro. Mas eu gostava mesmo era de andar de ônibus. Até hoje não sei bem a razão.

É uma inquietação louca. Me encanta viajar os 60 quilômetros duas vezes por semana para treinar inglês e francês ou planejar uma viagem até a Europa.

Ah! que vontade de alçar voos maiores, de dar a volta ao mundo...

Certo dia, falei para a Neiva, minha amiga que agora mora em Rondônia:

- Vamos viajar?

Ela, sem pestanejar:

- Vamos!

E não é que no dia seguinte a Neiva me apareceu com um roteiro sensacional? Espírito Santo e Minas Gerais. Ótimo! Sempre quis conhecer as praias do Espírito Santo e as cidades históricas de Minas Gerais.

Porém, o plano era de começarmos o passeio de 15 dias ainda em dezembro, antes do reveillon, uma época que eu não poderia me distanciar da querência... também não queria deixar de conhecer essa parte do Brasil... como resolver?

Mandei um SMS para a minha companheira de viagem:

- Amiga, tu vais ficar chateada se eu te encontrar em Minas Gerais?

E a Neiva, mais que depressa:

- Claro que não!

Feito! Não vou ir ao Espírito Santo, não dessa vez, mas vou a Minas, como sempre quis.

Tá, mas só Minas Gerais...? 

Não diminuindo este estado encantador, longe de mim, só pensei que poderia estender a viagem por mais alguns dias, quem sabe ir ao... Rio de Janeiro!!!

Oba! Meu sonho de consumo é a cidade maravilhosa!

Comprei as passagens e Rio de Janeiro em janeiro, lá vou eu!

Planejamos tudo muito depressa, quase de um dia para o outro e está funcionando. Normalmente é assim: tudo que planejado de última hora é mais gostoso, né?

A Neiva Cristina é demais! Montou um roteiro digno de uma viagem inesquecível para Minas Gerais: Belo Horizonte, Ouro Preto, Mariana, São João Del Rey e Tiradentes. Pode ser melhor que isso?

Já temos até mapa e GPS, patrocinados pelo Dr. Jorge Branco, meu querido pai, e uma playlist que fiz com muito carinho. 

Para o Rio, os pontos turísticos tradicionais, além do Jardim Botânico e do Parque Laje, dicas preciosas do Vítor. Ah! e a cama cheirosa e quentinha no Rio foi dica do queridíssimo Samir.

Aguardem o diário de viagem: "Aventuras no Sudeste do Brasil". Com certeza teremos boas histórias.