Era um dia de dezembro com um calor inacreditável. Talvez uns 40 graus à sombra. Minha pressão desceu tanto que eu podia dormir em pé.
Como em qualquer dia normal, acordei e fui trabalhar. À tarde fui a Sananduva fazer duas aulas de direção e uma de inglês. O dia prometia ser longo.
Dirigir sob o sol escaldante foi um martírio. Suei feito uma porca, já que o único ventinho dentro do carro era o que provinha das quatro janelas escancaradas.
Após as aulas de direção e inglês, fui correndo para o ponto, pois faltavam cinco minutos para passar o ônibus das 16h direto ao paraíso que atende pelo nome de "CASA". Não via a hora de chegar e tomar um banho frio bem demorado e fazer um lanche.
Após as aulas de direção e inglês, fui correndo para o ponto, pois faltavam cinco minutos para passar o ônibus das 16h direto ao paraíso que atende pelo nome de "CASA". Não via a hora de chegar e tomar um banho frio bem demorado e fazer um lanche.
Passaram 5, 10, 20 minutos e nada do ônibus. Peguei o celular com a intenção de telefonar para a rodoviária, mas ele estava sem bateria. Parei e respirei. (enquanto isso o sol bronzeava os meus pés...) Resolvi comprar uma água para matar a sede.
Havia um bar pequenino em frente ao ponto do ônibus. Atravessei a rua e adentrei o bar, meio escuro, com um freezer cheio de panelas (?) e pelo menos umas 4 moças atendendo, todas de vestidinhos e shorts muito curtos. Lá dentro estavam dois homens sentados em uma mesa tomando cerveja, os quais imediatamente voltaram os olhares para mim (era a única de calça jeans).
Perguntei a uma das moças:
- Tem água sem gás?
- Não. Só cerveja. Quer uma cerveja?
- Não, obrigada.
Foi então que me ocorreu que não era um bar comum... só cerveja às 16h30?
Voltei para o ponto, morrendo de sede. Lá pelas 17h nada de ônibus... comecei a me irritar profundamente com o calor, a sede, a fome e o suor... meus pés estavam cada vez mais bronzeados.
Até que uma ambulância parou no ponto de ônibus as pessoas que lá estavam correram para dentro. Como todos, fui até o veículo, que era de uma cidade próxima, e gritei:
- Moço, o senhor me dá uma carona?
Ele respondeu sorrindo:
- Sobe aí, guria!
Eu subi. E lá estava eu e mais um monte de gente na ambulância velha, batendo lata, num calor infernal, mas próxima de casa.
Chegando na tal cidadezinha eu fui em busca de um táxi. Perguntei à única caixa da pequena rodoviária se havia um ponto por perto. Ela disse:
- Só há um táxi aqui na cidade, que fica aqui na frente da rodoviária, mas agora ele não tá.
- A senhora tem o telefone dele.
Muito lentamente, ela dirigiu-se ao outro lado da sala, abriu uma gaveta e me olhou:
- Não vai anotar?
- Eu não tenho caneta nem papel e o meu celular está sem bateria. Será que a senhora pode me emprestar um telefone?
- Como é que tu pretendes fazer?
- Vou tentar ligar a cobrar para ele para nos acertarmos depois.
- Tem um orelhão, liga dali.
Não acreditei. Solidariedade é artigo raro hoje em dia. Muito triste.
Quem disse que eu conseguia telefonar? Os malditos botões simplesmente não funcionavam! Depois de uma meia hora tentando, consegui a ligação, mas não é que o taxista, ao escutar a musiquinha da ligação a cobrar, a recusou? E agora!? Estou presa em uma cidade desconhecida que só tem um táxi? Como vou sair daqui?
Fui em uma loja de móveis do outro lado da rua e perguntei à moça sobre o taxista e ela apontou para o meio da rua, mostrando o táxi.
O dia que eu fiquei mais feliz ao ver um carro foi o dia que fui à concessionária ver o meu
Sandero.