Nos últimos dias, alguns acontecimentos se tornaram notícia
nos meios de comunicação e redes sociais: a divulgação de fotos íntimas da
atriz Carolina Dieckmann, o clipe do cantor Alexandre Pires e uma outra, nem
tão comentada, mas digna de atenção: o assassinato de MC’s no litoral de São
Paulo.
No início do mês de maio foram publicadas na internet 36
fotos de Dieckmann em sua intimidade. O rebuliço estava formado, pois sempre
que há divulgação de fotos de alguma celebridade nua em seu banheiro a
discussão sobre os crimes eletrônicos é retomada, assim como a lamentável falta
de legislação sobre o assunto no Brasil.
Logo após essa “alarmante” notícia, o Ministério Público
Federal de Uberlândia, MG, nos surpreende (aliás, eu me surpreendi): o clipe
“Kong”, do cantor Alexandre Pires, até então desconhecido por muitos de nós, é
alvo de investigação. A acusação: racismo contra negros e sexismo, pois, além
do cantor, Neymar e Mr. Catra aparecem vestidos como gorilas e encenam dancinhas
manjadas ( a dança do “Kong”) em meio a moçoilas de biquíni.
Confesso: ambas as questões me chamaram a atenção, não pelo
teor, mas pelo alarde e eficiência das autoridades, sim, porque em apenas uma
semana (contando-se da data da ciência formal da polícia), os crackers que invadiram
o laptop e roubaram fotos reveladoras de Dieckmann foram identificados e indiciados
pelos crimes de extorsão, difamação e furto. Alexandre Pires está sendo
investigado pelo MPF - o mesmo que tem competência para denunciar os crimes do “colarinho
branco”, crimes contra indígenas, tráfico internacional de entorpecentes, etc.
-, que dispensa atenção, quiçá dinheiro, para um clipe sem criatividade, cujo
refrão da canção repete incansavelmente “é no pelo do macaco”.
Por outro lado, em apenas dois anos, 5 MC’s foram
assassinados brutalmente no litoral do estado de São Paulo. A polícia está
investigando, mas até então não encontrou sequer suspeitos dos crimes. Só se
sabe que as características das vítimas e locais são semelhantes.
É nítida a diferenciação de tratamento dispensado pelas autoridades nos 3 casos. E preocupante. Pessoas estão sendo mortas há 2 anos, mas até agora a investigação não logrou êxito em descobrir os responsáveis pelos crimes. Porém, em uma semana um crime de internet foi solucionado em um clipe muito fraco, nos moldes dos que há muito os rappers americanos fazem, está sendo investigado sob a acusação de racismo pela Procuradoria da República de Uberlândia. Com isso não quero dizer que descobrir e punir criminosos da internet e supostos racistas não tenha que ser prioridade da polícia, justiça e Ministério Público, muito pelo contrário, mas todos os crimes devem ter o mesmo tratamento, da investigação à punição.
O
resultado disso tudo é fácil de prever: uma lei específica para crimes de
informática (o que já não era sem tempo) e a comemoração de Alexandre Pires por
toda a atenção atraída sem querer para a sua música. Só não estou otimista
quanto ao caso dos MC’s do litoral de São Paulo, infelizmente...
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