“O Rio de Janeiro continua lindo” é a frase de Gilberto Gil na
canção “Aquele Abraço” que tem tudo a ver com a Cidade Maravilhosa, em qualquer
lugar e a qualquer tempo.
Lá não tem tédio, tampouco monotonia. As paisagens são tão deslumbrantes
que a gente nem acredita. Dá vontade de dizer a uma das tantas pessoas que se
amontoam no alto do Corcovado “me ajuda a olhar?”
O Rio é tudo isso e mais um pouco. É o local perfeito para
se passar as férias dos sonhos, a lua-de-mel ou simplesmente pegar uma praia.
Nas minhas últimas férias, além de Minas Gerais, um dos meus
destinos foi o Rio. Não espere de alguns cariocas a mesma hospitalidade de um
mineiro, fato que me intrigou. Um taxista me explicou que eles são na verdade arredios
e que têm medo de confiar nas pessoas por tudo que já passaram em se tratando
de violência. Faz sentido.
Dá para andar tranquilamente pelas ruas, de dia ou à noite
(com as precauções óbvias, claro). A pacificação das favelas proporcionou uma
nova vida à cidade. Espero que a paz se eternize e não dure só até a Copa de
2014.
Escolhi Ipanema para me fixar naqueles cinco dias por ser o
berço da Bossa Nova, da boemia, da alegria. Lá estão os milhares de bares que
serviram de QG para os mestres Tom Jobim, Vinícius de Moraes e João Gilberto.
João Gilberto. Desde que pisei na rua Vinícius de Moraes,
mais precisamente na “Toca do Vinicius”, uma loja de discos muito simpática em
Ipanema, não parei de pensar nele...
Estava em busca de souvenirs quando me deparei com o livro “Ho-ba-la-lá
– À procura de João Gilberto”, do jornalista alemão Marc Fischer. Imediatamente
o resumo da orelha da capa aguçou a minha curiosidade.
Ipanema |
O que eu queria na verdade era entender a razão de ter a Bossa Nova encantado tanto e ainda conseguir manter as pessoas enfeitiçadas, pois em Ipanema vi gente do mundo inteiro se dirigindo ao bairro justamente para se inebriar com o ritmo, cuja presença é constante, desde o restaurante mais sofisticado até a barraquinha na beira da praia. Lembro especialmente do entusiasmo pela Bossa Nova do londrino Phill e do colombiano Juan, com os quais tomei uma caipirinha no Garota de Ipanema.
Bar Garota de Ipanema (Lara Branco) |
O curioso é que Fischer não veio ao Brasil em busca do
aclamado sucesso nacional e internacional “Garota de Ipanema”, de Vinícius de
Moraes e Tom Jobim, mas da música de João Gilberto.
Fischer traçou os passos do músico no início da carreira,
inclusive tocando e cantando em um banheiro em Diamantina, MG, cidade pela qual
João Gilberto passou quando viajou pelo Brasil. Além disso, experimentou o seu
prato favorito, visitou os locais onde, segundo sua pesquisa com amigos e
conhecidos, João costumava visitar e conversou com importantes nomes da Bossa
Nova. O jornalista descobriu que João Gilberto vive atualmente no Rio de
Janeiro recluso em um apartamento, onde troca o dia pela noite e toca violão
cerca de dez horas por dia.
O fato é que “Ho-ba-la-lá” mostra o quão misterioso é João
Gilberto. Quanto mais sabemos sobre ele, menos o conhecemos, menos o entendemos
e mais queremos saber...
Pouco tempo antes da publicação do livro, Marc Fischer se suicidou, por razões desconhecidas, conforme me contou o Sr. Carlos.
O
livro é um prato cheio para os leitores que gostam de Bossa Nova, João
Gilberto, Rio de Janeiro e boas histórias. Fiquei muito mais curiosa pela vida
e obra do coração da Bossa Nova e com uma vontade absurda de voltar a tocar
violão. Deve ser o efeito João Gilberto que, de acordo com Menescal em
depoimento que embasou um capítulo do livro, muda as pessoas.
Aline, vc já está gabaritada para cronicar nos jornais, cadernos de culturas e tais. Tanto é que estou aqui chovendo no molhado, pois a Scheila, mais esperta do que eu, e inserida no meio, te chamou pro Porto Cultura - e, para a alegria geral da nação, aceitaste o desafio. Nota mil pra ti.
ResponderExcluirLembrancinha, inspirada no teu texto: http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=endscreen&v=5_MqkkhOtAw
No ar também no Porto Cultura: http://www.portocultura.com.br/2012/a-procura-de-joao-gilberto/
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